Lá se vão mais de 20 anos de debates e parece que agora a novela vai chegando aos últimos capítulos, com o anúncio do início das obras do aquaviário.
A questão da mobilidade urbana está entre os temas de maior importância e que mais pressionam o poder público.
Há um descompasso entre o crescimento populacional, o aumento da frota e a ampliação dos modais de transporte.
Em 15 anos, por exemplo, o número de veículos no Estado passou de pouco mais 804 mil, em 2005, para 2 milhões e 44 mil, em 2020.
Com o aumento da circulação, aumentam os pontos de congestionamento, os custos econômicos, o estresse dos motoristas, os números de acidentes, para citar apenas algumas questões envolvidas.
E problemas complexos, normalmente, exigem soluções sistêmicas.
No caso da mobilidade urbana a integração entre os modais é ponto de consenso entre os especialistas, e o projeto do aquaviário vai nessa linha.
A integração com o sistema Transcol é positiva. Já se sabe que haverá uma tarifa complementar, dado o custo do modal ser maior. O que não se sabe é o valor.
As dúvidas giram em torno desta questão, da demanda e da eficiência econômica do sistema. Ou seja, a sustentabilidade da atividade, dentro da lógica da iniciativa privada.
Vale lembrar que o antigo aquaviário extinto na década de 90 custava caro e contribuía pouco para a mobilidade.
O cenário agora é outro, inclusive culturalmente. Parte da população da Grande Vitória já entendeu que problemas de mobilidade devem ser tratados para além das fronteiras dos municípios, sob uma perspectiva metropolitana.
Se a questão do aquaviário parece equacionada, a mobilidade urbana exige ações constantes para melhoria dos sistemas de transportes.
A população que depende de ônibus tem sofrido com superlotação e falta de segurança, o que coloca em risco o direito de ir e vir e a própria dignidade humana.