É uma questão de tempo. E, neste caso, o tempo não corre a favor.
Quanto maior a demora, maior a angústia da família do adolescente que morreu em frente ao Himaba, em Vila Velha.
Quanto maior a demora, maior o desrespeito com todos aqueles que usam e precisam do sistema público de saúde.
Por quatro horas ele esperou dentro de uma ambulância. Veio de Cachoeiro com a garantia de uma vaga na UTI. Teve três paradas cardíacas.
O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.
Até aqui, resposta alguma.
Já se passaram mais de 240 horas desde que o jovem de 16 anos morreu por falta de atendimento, em um hospital público.
De lá para cá, duas médicas foram afastadas. O advogado de defesa nega que elas tenham qualquer tipo de responsabilidade.
De uma forma ou de outra, o afastamento é pouco para aplacar a dor de uma família. É pouco também para aplacar a indignação de todos nós.
O tempo não corre a favor, nem mesmo para as médicas suspeitas de negligência, que podem estar sendo submetidas a um julgamento antecipado, e que quanto mais demorar, pior.
A não ser que quem precisa dar respostas e garantias para a população aposte que quanto mais demorar, mais chances do caso cair no esquecimento e, portanto, menor a cobrança.
Será?
Talvez esqueçam, eles sim, que a morte absurda desse jovem é uma questão de negligência com a cidadania. O tempo já mostrou.