Em menos de 5 anos, duas escolas tradicionais do Espírito Santo passaram para as mãos de fundo de investimentos.
A primeira, inclusive, nesse curto espaço de tempo, foi negociada três vezes.
Não é um movimento observado apenas regionalmente, mas também, no mercado nacional e internacional.
O que se percebe é que há uma disputa entre modelos: padronização ou personalização.
A questão não é nova, mas é cada vez mais atual.
Une quem cria e quem consome produtos e serviços.
De forma simples, no primeiro caso, a lógica está fundamentada em ganhos de escala, ou seja, algo que podemos replicar sem aumentar os custos na mesma proporção, o que possibilita, em última análise, maximizar o lucro.
E não há nada de errado nessa lógica, pelo menos não para a maioria dos segmentos econômicos.
Mas será que é a lógica mais adequada para o setor de Educação?
Se esse segmento é um vetor de transformação social, de construção de cidadania, imprescindível que ele próprio tenha clareza dos caminhos a seguir e que dialogue com a sociedade.
Afinal, já é mais que sabido que cada aluno aprende em um ritmo próprio,
Oferecer um ensino significativo, pressupõe sim, entre tantas outras coisas, entender interesses e necessidades singulares, inclusive as limitações.
Os dois colégios fundados por famílias capixabas e agora adquiridos por investidores internacionais, nasceram e se mantiveram ao longo da história baseados em princípios e valores de uma educação personalizada, ou seja, na lógica contrária a modelos que transformam a educação em uma commodity, com foco em ganhos de escala e prioridade no lucro.
Portanto, as duas negociações são exemplos claros do que vem acontecendo em outros pelo mundo afora.
E há um risco.
Para que essas operações sejam cada vez mais lucrativas é preciso que sejam replicáveis, ou seja, menos personalizadas e mais padronizadas.
Ganham as empresas mantenedoras, perdem alunos e pais.