Quase diariamente mostramos acidentes de trânsito em que um ou mais envolvidos estavam embriagados e, nem sempre os danos são apenas materiais. Na semana passada, um estudo realizado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool revelou que o Espírito Santo lidera o ranking nacional de mortes causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas.
As estatísticas apontam claramente que se faz necessário intensificar as ações de políticas públicas, quer seja sob o âmbito da fiscalização e punição de motoristas, quer seja em relação as estruturas de apoio para aqueles que consomem de maneira abusiva e querem interromper o vício e, principalmente, no aspecto da conscientização. Nesse sentido, campanhas em massa devem ser feitas de maneira permanente.
O consumo de álcool é cultural, está diretamente relacionado a socialização e, justamente por isso, normaliza e justifica, de alguma maneira, o hábito ao longo do tempo.
É frequente que a própria família influencie e contribua diretamente para isso.
Bebe-se para comemorar, bebe-se para desestressar ou para enfrentar situações adversas. O mesmo estudo citado acima mostra que no período mais crítico da pandemia de covid-19, por exemplo, o consumo de álcool aumentou.
Acidentes de trânsito são a ponta mais visível e, além da questão social,
configuram um problema de saúde pública. Há uma sobrecarga no sistema de saúde, tanto nos serviços de pronto atendimento quanto de internações.
Além da violência no trânsito, outro ponto que merece atenção é a violência interpessoal. Em parte dos crimes, entre eles o feminicídio, o agressor estava sob efeito de álcool.
O consumo abusivo deixa marcas também ao longo do tempo como cirrose, distúrbios neurológicos ou psicológicos.
Aqui no Estado, as mortes atribuídas diretamente ao consumo de álcool aumentaram 43% entre 2019 e 2020. Bem acima da média do restante do país, em torno de 24%.
Sofrimento que pode ser evitado se todos enfrentarmos a questão de maneira sóbria, equilibrada.