Decorre daí não apenas a perda de credibilidade pelo distanciamento das suas finalidades institucionais, mas, o pior, dúvidas de práticas administrativas não condizentes com a legislação.
Esses dois aspectos se agravam quando os dirigentes permanecem a frente das entidades por vários mandatos.
Exemplo disso é a Federação do Comércio do Espírito Santo. Depois de 16 anos, uma nova diretoria tomou posse. E um dos pontos principais é, justamente, garantir a rotatividade de mandatos, ou seja, se comprometer publicamente com a não reeleição.
A troca de comando da entidade acontece em meio a inúmeras mudanças no mercado produtivo, com novos modelos de negócio, além da crescente expectativa da opinião pública em termos de adoção por parte das empresas de boas práticas ambientais, sociais e de governança, o que vem sendo chamado atualmente de ESG.
Há que se pontuar que quando da fundação, capitaneada por Americo Buaiz, o objetivo era reunir os empresários em torno de uma instituição para defender os interesses coletivos e as demandas da sociedade.
A Fecomércio tem envergadura para isso. Segundo a nova diretoria, representa 70% do PIB capixaba e o setor gera 76% dos empregos formais. Além disso, conta com o Senac — Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial — e com o Sesc — Serviço Social do Comércio.
Tem, portanto, enorme responsabilidade e não pode se furtar de debater de maneira sempre coletiva e transparente.
No ano em que, se vivo estivesse, o empresário Americo Buaiz completaria 100 anos, nada melhor que passar a limpo os últimos anos e retomar o legado.