Os dias que se seguiram ao resultado do segundo turno das eleições – quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito para ser o próximo presidente do país – têm sido marcados por atos de intolerância, falta de respeito e posturas antidemocráticas, com protestos em todo o país.
A manifestação do pensamento e expressão são sagrados para a Constituição por serem essenciais ao exercício da cidadania. Porém, esses direitos estão sujeitos a limites, e aqui entra o princípio democrático máximo que é: respeitar a vontade popular soberana manifestada nas urnas. Qualquer coisa contrária a isso, qualquer coisa que proponha o rompimento da ordem democrática é golpe.
É essencial lembrar que a democracia é o regime dos consensos alcançados pelo convencimento do eleitor que tem o poder de escolher os governantes. Se a maioria opta por um candidato, todos precisam concordar em aceitar esse resultado, ainda que parte considerável discorde dele e de seu projeto para o país. É um pacto social, que não pode ser rompido.
Outro princípio fundamental que constitui a democracia é a alternância do poder, a mesma que deve ser respeitada agora e que proporciona aos derrotados a chance de disputar o governo daqui a quatro anos.
Laços familiares e afetivos foram cortados ou calados em virtude da intolerância com a opinião alheia, beirando a falta de civilidade. E são cada vez mais comuns exemplos de desrespeito e de preconceito, com intuito inclusive de prejudicar o outro, cujo “crime” é o de pensar diferente.
Atos como esses são inaceitáveis e representam retrocesso na sociedade. O momento é de reconstrução do diálogo para podermos avançar como nação. Dependemos disso não só para a manutenção da democracia, mas também porque há muito a ser feito: crescimento econômico sustentável, redução das desigualdades sociais, combate à miséria e à fome, geração de emprego, renda e oportunidades para todos.