Há ações que não são ilegais, mas são absolutamente imorais quando se analisa o contexto.
É o caso, por exemplo, da proposta de aumentar o número de vereadores da Câmara Municipal da Serra.
O argumento dos vereadores se baseia na grande extensão territorial e no fato de a cidade ter a maior população do Estado. Criar mais duas vagas, alegam, ampliaria a representação das comunidades na Câmara.
Caberiam pelo menos duas perguntas: qual tem sido o trabalho deles e quais melhorias a população teria, já que é ela quem paga a conta?
Dois questionamentos simples, feitos em qualquer empresa da iniciativa privada em que um grupo de colaboradores pleiteie um aumento de custo. É uma questão de estabelecer metas e objetivos e avaliar as ações.
Isso sem falar no ambiente geral. As contas públicas não andam em ordem e, portanto, elevar o gasto com a máquina, em qualquer instância do poder público, não parece a medida mais assertiva para quem quer beneficiar a população.
A proposta ainda precisa ser aprovada em segunda votação. Se aprovada, em 2024, nas próximas eleições municipais, a cidade passaria a ter 25 vagas para vereador, e não mais 23.
Outro aumento de custo diz respeito ao reajuste de salário de vereadores, prefeito, vice e secretários. Os percentuais passam a acompanhar os dos demais servidores da cidade. A proposta já foi aprovada em segundo turno e também não requer sanção do prefeito.
Projetos dessa natureza servem como um mau exemplo e tiram da Serra o protagonismo positivo que a cidade deve ter pela importância social, econômica e política, inclusive para além das fronteiras do Espírito Santo.
O Poder Legislativo tem papel crucial no sistema democrático, mas se apequena quando levanta suspeitas de que age tão somente em benefício próprio. Quando ganha sem transparência e sem levar em conta o momento, o resto da sociedade perde.