“Nunca imaginei que esse tipo de coisa pudesse ocorrer no Espírito Santo.” Este é o relato de uma mãe, abraçada ao filho enquanto acompanhava as notícias sobre o ataque a duas escolas em Aracruz. Os olhos estavam marejados e a voz embargada.
A incredulidade dessa mãe é o sentimento de todos nós.
Na sexta-feira, um garoto de 16 anos invade duas escolas, mata três professores, uma aluna de 12 anos, e deixa outras 12 pessoas feridas.
Nós da Rede Vitória nos solidarizamos com a dor e com a tristeza das famílias.
Casos assim deixam todos reféns do medo e suscitam uma infinidade de discussões, mas estão para além de uma questão de segurança pública, quando esta é entendida, tão somente, como ações de policiamento e punição.
Não se sabe o que motivou o crime, mas de certo, não há uma razão única capaz de colocar em curso tamanha atrocidade. Definir “um motivo” é dar uma resposta simplista para algo que se apresenta complexo.
Superado o luto, e não será breve, há que refletir sobre os valores sociais que temos construído como sociedade.
Ódio, por exemplo, não nasce de uma hora para a outra. Muitas vezes é ensinado de pai para filho, tem raízes na incapacidade de lidar com as diferenças e com as próprias frustrações. A agressividade e a violência, em diversos matizes, acabam sendo a forma de lidar com o que não se consegue viver.
Para essas pessoas, eliminar o outro é a única solução e, desta maneira, coloca-se em risco o fundamento primeiro da sociedade: a convivência.