“Não consegui salvar nada” é uma sentença declarada tantas vezes, por tanto tempo e por tantas pessoas, que parece ter perdido a capacidade de indignar todos.
Não, não é possível naturalizarmos a perda, a tristeza e o desamparo que inúmeras famílias enfrentam ano após ano em consequência da chuva.
A repetição não torna isso aceitável, pelo contrário, coloca de maneira premente a busca de soluções definitivas por parte do poder público – estadual e municipal – no sentido de romper o ciclo. Sem ser simplista diante de um problema complexo, há que se investir em ações, que no jargão político não dão votos, como obras de drenagem, fiscalização e retirada das pessoas de áreas de risco, em conjunto com uma política habitacional.
Os municípios de Vitória e Vila Velha fizeram investimentos para mitigar parte dos problemas e a população sofreu bem menos quando comparado a outros períodos de chuva intensa.
O Governo do Estado tem investido R$ 522 milhões em macrodrenagem na Grande Vitória para minimizar os alagamentos.
Ainda assim, nesse momento mais de quatro mil pessoas estão fora de casa, de acordo com a Defesa Civil Estadual.
Parte delas foi acolhida por parentes. A maioria foi para abrigos e depende de ajuda, inclusive para se alimentar.
Nesse caso, o poder público precisa coordenar ações paliativas que garantam o mínimo de dignidade para essas famílias.
O município de Viana, na Grande Vitória, por exemplo, decretou estado de calamidade na quinta-feira passada.
E há alerta de aumento nos riscos de inundações, deslizamentos de encostas, transbordamento de rios, quedas de barreiras que interditam estradas por todo Estado.
É hora de todos ajudarem. A população capixaba sempre se mostrou solidária em momentos críticos como esse.