É de todos, mas com certa frequência ninguém pode aproveitar. Nas praias da Grande Vitória há um risco iminente de contrair doenças como diarreia, hepatite A e leptospirose, causadas pela quantidade de material biológico como, por exemplo, coliformes fecais.
Justificar a falta de balneabilidade por conta da chuva é minimizar a responsabilidade por problemas estruturais. Não é a primeira vez e, provavelmente, não será a última que o poder público usa esse tipo de subterfúgio.
A causa principal da quantidade de bactérias nocivas à saúde encontradas no mar é a falta de estrutura de saneamento básico e tratamento de esgoto. A chuva apenas aumenta o volume de água contaminada despejada no mar.
O problema não é simples, longe disso, e se repete ao longo da costa litorânea do Brasil.
Aqui no Espírito Santo, essa questão ambiental é um exemplo claro e nítido de algo que vem se alastrando na sociedade: a culpa é sempre do outro.
As prefeituras culpam a Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan) pela não-universalização da rede de esgoto e pela falta de ligações das redes residenciais a rede pública. Por sua vez, a Cesan culpa as prefeituras pela falta de fiscalização dos esgotos clandestinos. E os moradores que não fazem a ligação do próprio esgoto a rede da Cesan e, com isso poluem o meio-ambiente, reclamam da falta de informação e do preço para adequar o sistema.
Todos têm razão em alguma medida, mas o fato é que a prática de buscar por culpados apequena os envolvidos e tem se mostrado pouco efetiva, com resultados pífios.
Já passou da hora a adoção de uma postura construtiva e colaborativa. É preciso ampliar a oferta, é preciso fiscalizar, é preciso conscientizar.
Sem isso todos perdem e vamos olhar o mar apenas de longe.