Um dos papéis da política é servir como uma espécie de bússola para a sociedade. E, nesse caso, a melhor maneira de indicar caminhos é pelo exemplo, ou seja, pelo comportamento dos próprios políticos.
Se a premissa é verdadeira, como acreditamos que seja, o sentido só pode ser construído pelo diálogo.
Portanto, não faz sentido algum dois líderes eleitos, um para governar o Estado e o outro para governar a Capital do Estado não se falarem.
A falta de diálogo é por si só a antítese da política.
Indica falta de maturidade no trato de divergências e, de maneira crua e direta, falta de respeito com o eleitor, com o cidadão, na medida em que aquele que se nega a dialogar na política subjuga os interesses públicos aos interesses particulares.
Portanto, a aproximação entre o governador Renato Casagrande e o prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini é positiva sob todos os aspectos.
Basta lembrarmos que por conta de desavenças políticas, Vitória foi o único município da Região Metropolitana que em 2021 não inscreveu projetos para receber recursos do Fundo Estadual para a Educação.
Outro exemplo emblemático foi o atraso na obra do Aquaviário, ocasionado por uma discussão infindável sobre o licenciamento ambiental.
Vitória também deixou de ter a sede da Perícia Técnico-científica, já que não foi cumprido um acordo feito pela gestão anterior para doação de um terreno.
A sede acabou indo para Cariacica. Aliás, o prefeito Euclério Sampaio é um dos nomes por trás da aproximação entre Casagrande e Pazolini.
Ainda que por enquanto se trate de uma convivência educada e republicana, sem trocadilhos, já é um começo.
A reconstrução da relação entre as duas lideranças vai passar, sem dúvida, pela conquista da confiança.
Lembremos que em um dos capítulos da guerra travada entre os dois, o Prefeito fez uma denúncia de uma suposta fraude em licitação. O fato teria ocorrido dentro da casa do Governo do Estado, o Palácio Anchieta. A denúncia acabou arquivada pela Procuradoria Geral da República por falta de provas, mas causou muito desconforto e muita desconfiança, para dizer o mínimo.
Como se priorizar os interesses do cidadão capixaba já não fosse razão mais que suficiente para duas autoridades buscarem pontos de convergência, há ainda o tal do pragmatismo político.
O prefeito Pazolini quer e precisa vencer o isolamento político, inclusive para concorrer à reeleição.
Do outro lado, o governador também sabe da importância de Vitória na composição das forças políticas e que a cidade é uma vitrine.
Seja por qual razão for, a única certeza que se tem é que o povo capixaba ganha com o fim das “picuinhas” e com a construção de uma legítima relação baseada nos pilares que sustentam a boa política.