As discussões sobre segurança nas escolas, que naturalmente se intensificam cada vez que acontece um crime como o ocorrido semana passada, em Blumenau, Santa Catarina, são válidas, mas insuficientes. Apenas tangibilizam o problema.
Fato é que a violência tem sido percebida por parte da população como uma solução legítima para as próprias queixas e o extremismo se fortalece na esteira dos discursos de ódio contra as minorias, bem como contra aqueles que se encontram em campos opostos ideologicamente.
Se não deixarmos a hipocrisia de lado e assumirmos que conceitos como a misoginia e o racismo, por exemplo, estão incrustados na sociedade, qualquer debate será pouco efetivo.
Nessa mesma lógica, as plataformas digitais não podem se furtar das responsabilidades. Não podemos mais aceitar que usem o conceito republicano do direito a expressão para justificar a falta de compromisso traduzido em uma política pouco efetiva e transparente para inibir a proliferação de grupos que têm como objetivo único a orquestração de crimes contra a vida. É inadmissível que proliferem mensagens em homenagem a assassinos confessos.
O Supremo Tribunal Federal quando se vê “ameaçado” com a divulgação de fake news e postagens com teor agressivo intervém nas plataformas digitais justamente para interromper a disseminação.
E quando se trata de temas como esse em questão, não são prioridade?
A discussão precisa ser pública e aberta. Instituições como o Congresso Nacional têm um papel a cumprir, para além, e muito além das notas de pesar. Uma das ações, de caráter educativo inclusive, é coibir os discursos de ódio proferidos e exaltados por seus próprios integrantes.
Por outro lado, precisamos olhar para dentro de casa, literalmente. A obrigação primeira é dos próprios pais, quer seja em termos de uma educação que não só respeite, mas valorize a diversidade, quer seja em termos de acolhimento, para que os filhos tenham liberdade de dialogar sobre qualquer questão que os aflija.
Nessa perspectiva, não monitorar quais conteúdos as crianças estão consumindo é, no mínimo, negligenciar um desenvolvimento sadio dos filhos.
Ou todos nós assumimos que o debate em torno da violência não pode e não deve ser feito de maneira maniqueísta ou vamos aceitar a falácia de soluções simplistas para um problema complexo.
O horizonte precisa ser mais amplo que a próxima ameaça ou o próximo crime.
Lembremos sempre que a escola é o melhor ambiente para debates saudáveis.