Estamos vivendo um momento em que todos precisamos nos atentar para a linguagem. E, quando digo todos, me refiro desde a mais alta autoridade de um país até o cidadão comum.
A linguagem é a base de qualquer relação humana. De maneira muito simples, é o que nos permite atribuir significados e interpretar o mundo a nossa volta, num processo contínuo de mudanças.
O que parece é que estamos flexibilizando determinados princípios, quando não, normalizando falas completamente fora de sentido.
Quando o presidente Lula, por exemplo, diz que empresários brasileiros deveriam aprender a investir em outros países, numa alusão a fugir dos altos juros aqui no Brasil, apenas desmotiva o setor produtivo e prejudica o ambiente de negócios.
É preciso lembrar que “o que se diz” e “como se diz” andam juntos.
Num outro exemplo emblemático, ao se referir a pessoas com deficiência intelectual como pessoas com deficiência mental, o presidente Lula fortalece preconceitos e é absolutamente desrespeitoso quando fala em “desequilíbrio de parafusos”.
Não, não tem sentido.
Assim como não tem sentido normalizarmos a mentira se queremos estabelecer comunicação. Ou nós, pais e mães, passamos a aceitar que nossos filhos contêm histórias completamente descabidas e que, ao final, confessem que mentiram porque queriam algo, como se fosse a coisa mais simples e correta?
Pois foi o que fez recentemente o senador capixaba Marcos Do Val. Criou uma história com tantas versões e terminou dizendo que tudo era uma grande mentira.
Negligenciar a linguagem é esgarçar o tecido social, tornar impossível qualquer possibilidade de conexão, de negociação, quer seja entre pessoas, empresas, nações.
Quando o ex-presidente Jair Bolsonaro alega em depoimento à Polícia Federal que compartilhou “sem querer” postagem com mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro é como debochar de todos que acompanharam as inúmeras vezes que ele próprio colocou em dúvida as urnas eletrônicas, com falas completamente desprovidas de prova.
E o que dizer dos deputados estaduais que aprovaram um auxílio alimentação de R$ 1.829,00 e, quando questionados, disseram que não sabiam do valor? Apenas esse fato já não seria o suficiente para não votar?
Isso remete a uma postura recorrente nos tempos atuais. Fala-se o que quer e, se por acaso isso gerar contestações, a pessoa diz, quase ironicamente, que foi mal interpretada.
A palavra pode muito, mas não pode tudo.
Como diz o ditado popular: a língua é o chicote do homem!
É hora de nos atentarmos.