A proposta de redução de impostos sobre carros populares, anunciada na semana passada pelo Governo Federal, faz parte da lógica que procura soluções simplistas para problemas complexos.
Ainda que possa gerar resultados positivos no curto prazo, e nada garante que haverá estímulo ao consumo, pois esse depende de outros fatores como, por exemplo, renda e crédito disponível, é preciso admitir que benefícios pontuais dessa natureza, já utilizados no passado, não foram capazes de resolver os problemas estruturais que dificultam e limitam o crescimento econômico a longo prazo. Ao invés de avançar, o país anda de marcha ré.
Clara está a necessidade premente de uma reforma tributária que reduza a carga de impostos sobre o contribuinte. Ao olhar para o setor produtivo é fundamental eliminar desigualdades entre segmentos, ou seja, promover a equidade.
O debate passa pela revisão de alíquotas, eliminação de benefícios fiscais excessivos, justamente na contramão do que está sendo proposto, e a criação de mecanismos eficientes de combate à sonegação e a evasão fiscal.
Em suma, trata-se de reduzir a burocracia. Simplificar o sistema tributário é a única forma de alavancar o consumo e a produção de maneira sustentável ao longo do tempo e, a partir daí, direcionar recursos para áreas prioritárias como educação, saúde e infraestrutura, contribuindo para o desenvolvimento social.
Medidas paliativas, além de tratarem, quando muito, o efeito do problema, e nunca a causa, têm um outro malefício: são capazes de desviar a atenção daquilo que de fato merece atenção.
Com isso, a sociedade perde mais uma oportunidade de debater e construir uma base sólida para um crescimento econômico inclusivo e de ciclo longo.