É notável como o Sistema Nacional de Transplantes do Brasil está alinhado com os princípios fundamentais do acesso universal à saúde.
Num país de extremas desigualdades sociais, onde com frequência a conta bancária do paciente define o acesso a serviços de saúde mais rápidos e especializados, ao tratar todos de maneira equânime o sistema não apenas salva vidas, mas também serve como um exemplo inspirador de como é possível superar as barreiras da desigualdade para garantir tratamentos essenciais a todos os cidadãos.
Isso é possível a partir de uma abordagem que prioriza critérios objetivos, tais como a gravidade da condição, compatibilidade, idade, tempo de espera e até mesmo proximidade geográfica, na medida que a distância entre o local de doação e o hospital receptor impacta no tempo de transporte, o que pode reduzir a viabilidade do órgão doado.
O caso do apresentador Fausto Silva, diagnosticado com insuficiência cardíaca e que passou por um transplante de coração nesse domingo, jogou luz sobre o tema.
Para além do drama pessoal, há quem tenha levantado dúvidas infundadas nas redes sociais sobre a possibilidade do apresentador “furar” a fila do transplante.
Como já dissemos, não há fila, há uma lista que segue critérios objetivos. E essa lista é única. Informações inverídicas causam um desserviço, afastam possíveis doadores e colocam em risco a vida de milhares de pessoas que esperam por um órgão.
O número de doadores está muito aquém do necessário, basta observar a lista de espera. Sessenta e cinco mil brasileiros aguardam por um transplante, de acordo com o Ministério da Saúde.
Portanto, ainda que o Brasil tenha o maior sistema de transplante público do mundo, há que se ampliar as campanhas de conscientização, até porque, o principal gargalo está justamente na doação.
Tenho certeza que se um de nós ou alguém que amamos estivesse à espera de um doador, gostaríamos de ouvir um sim.