A polícia é um serviço público e, como tal, deve ter as próprias ações questionadas e avaliadas constantemente. Essa dinâmica permite a implementação de melhorias, quando e se necessário for.
No entanto, o que chama a atenção muitas vezes é a postura das próprias autoridades, que tentam desqualificar qualquer tipo de crítica e encerrar o debate.
É o que se viu, por exemplo, na ação realizada na semana passada em uma das principais avenidas de Vitória, a Leitão da Silva, com perseguição a bandidos e troca de tiros.
Está claro que a ação não respeitou o “princípio da oportunidade”, ou seja, os policiais não levaram em consideração se era o momento e o local adequados e, dessa forma, colocaram em risco a vida de inocentes que não tinham nenhuma ligação com o crime em questão.
Ainda assim, para justificar a ação policial, o Secretário de Segurança Urbana de Vitória, Amarílio Boni, inverteu a lógica mais elementar e alegou que os bandidos assumiram o risco. Ora, seria desnecessário dizer, mas não é do criminoso que a população pode esperar bom senso, justamente porque ele é um criminoso e age tão somente em benefício próprio, sem preocupação com a vida alheia.
Quem tem por obrigação combater o crime e garantir que as ações não atinjam inocentes é a polícia. E sim, as ações devem ser eficientes. A expressão está inclusive na Constituição quando trata de segurança pública no artigo 144, parágrafo sétimo: “A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades”.
Portanto, é absurdo, como vez ou outra quer fazer crer o Secretário de Segurança Pública do Estado, Alexandre Ramalho, que questionar a política de confronto é se colocar em um campo oposto a lei e a ordem.
Pelo contrário, é por acreditar que a mitigação de falhas fortalece a relação e o vínculo de confiança da sociedade com os agentes de segurança, além de preservar a integridade física e mental do próprio policial. Para tanto, exige-se, de um lado, cada vez mais profissionalismo e capacitação e, de outro, que as forças de segurança modernas apostem mais nas operações de inteligência, quer seja nas regiões centrais, quer seja nas regiões periféricas.
Atuar com inteligência e utilizar a força quando necessário e oportuno, preserva a vida de inocentes.