A mobilidade urbana impacta diretamente em como as pessoas vivem, se divertem e trabalham. Portanto, não sem motivos, questões relacionadas ao tema, como infraestrutura viária e tempo de deslocamento, geram debates acalorados.
A Terceira Ponte é o exemplo mais evidente. Trinta dias após a inauguração da ampliação das faixas de rolagem, os números mostram que o tempo de viagem caiu.
A principal razão é a faixa exclusiva, tantas vezes criticada pelos motoristas de carros particulares. Ao privilegiar o transporte público, o Espírito Santo não apenas cumpre as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, mas segue uma tendência mundial.
E a lógica é simples. Ônibus é o principal modal, pois transporta mais pessoas.
Ao organizar o fluxo, todos ganham. Outra prova disso é a redução no número de acidentes. Dois pontos importantes: motocicletas também usam a faixa exclusiva, o que aumenta a segurança para os motociclistas e para os motoristas; e a redução da velocidade de 80km/h para 70km/h.
A maioria dos especialistas concorda que a causa primeira de mortes no trânsito é a velocidade. Estudos mostram que um acréscimo de 5% na velocidade gera 10% a mais de colisões com ferimentos e 20 % nas colisões fatais.
Inúmeras cidades têm implementado medidas de redução de velocidade em vias urbanas, entre elas São Paulo, Fortaleza e Curitiba. Para além das vidas perdidas e do sofrimento causado em tantas famílias, acidentes geram gastos excessivos e aumentam a pressão no sistema público de saúde.
Outro argumento a favor da redução da velocidade é a menor emissão de gases poluentes, o que melhora a qualidade do ar e diminui a incidência de problemas respiratórios na população.
Um ponto de atenção é o acompanhamento das mudanças. Há que se investir em ações e campanhas educativas. A ideia de instalar radares e aplicar multas, ainda que legítima, quando desrespeitada a lei, deve ela própria ter a finalidade de educar. Para tanto é fundamental a transparência, caso contrário o risco é dar espaço para uma verdadeira indústria da multa.
Fato é que mobilidade urbana é uma questão complexa e um dos eixos estruturantes no debate mundial sobre crescimento sustentável.
Cidades com sistemas de transporte público eficazes e alternativas de mobilidade sustentável, como a ciclovia da Terceira Ponte, reduzem o tempo gasto no trânsito, mitigam os efeitos das mudanças climáticas e geram mais oportunidades de lazer e convívio social.
Os desafios são grandes, inclusive em termos de governança. Em relação a Terceira Ponte, o Governo do Estado já sinalizou que não vai renovar o contrato de concessão com a Rodosol, que termina em 21de dezembro. A nova licitação ainda não tem data marcada e, até que aconteça, o governo vai assumir as responsabilidades pela manutenção das ações de segurança e atendimento ao usuário.