Faltou negociar! Medidas que afetam a coletividade devem ser tratadas com a importância que merecem.
É o caso, por exemplo, da resolução do Conselho de Aviação Civil do Ministério dos Portos e Aeroportos que reduz, a partir de janeiro, o número de conexões possíveis com o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Dezenas de outros aeroportos pelo país, inclusive o de Vitória, foram impactados e, no nosso caso, com a operação reduzida pela metade.
Isso se deve porque a Azul decidiu cancelar os voos desde já.
Importante saber que a conexão com o Santos Dumont representa 30% de toda a movimentação do Aeroporto Eurico Salles. Estamos falando, em última instância, do desenvolvimento do Estado, afinal esse modal de transporte influi no dia a dia de empresas que atuam tanto aqui no Espírito Santo quanto no Rio de Janeiro, como companhias de petróleo e gás, além da indústria do turismo.
Exemplos diretos de que antes de concretizadas, medidas dessa natureza merecem um debate amplo e transparente, mesmo que seja legítima a ideia de reduzir o número de chegadas e partidas no Santos Dumont, já perto de atingir a capacidade máxima de operação, e a transferência dos voos para o Galeão, subutilizado. Fato é que nesse período de transição a oferta de voos no Rio de Janeiro diminui.
E, para que o debate aconteça, é preciso que os deputados federais e senadores se posicionem e sejam mais contundentes em defesa dos interesses do Espírito Santo, mesmo aqueles que compõem a base do governo federal.
Também é necessário que as entidades de classe participem das discussões e possam contribuir efetivamente na busca de soluções que mitiguem os riscos.
O que não se pode admitir, em hipótese alguma, é o Estado ficar à margem e mais uma vez ser “punido” por conta da falta de prioridades e de investimentos. Vale lembrar da BR 262, que espera há anos por melhorias e, em consequência, os inúmeros problemas no transporte de cargas e passageiros.
Na semana passada, o Ministério de Portos e Aeroportos acatou uma sugestão do Governo do Espírito Santo e montou um Grupo de Trabalho para avaliar os impactos gerados pelo fim dos voos diretos entre Vitória e o Santos Dumont.
Normalmente, grupos assim apresentam poucos resultados, mas, de qualquer maneira, são uma oportunidade.
Para tanto, é preciso que nossos representantes se mobilizem e atuem de fato. Sem isso, todos podemos perder a viagem.