Reconstruir áreas atingidas pela chuva, como é o caso da região Sul do Espírito Santo, é um processo complexo que envolve não apenas a restauração da infraestrutura, mas também a recuperação econômica, social e emocional das comunidades afetadas.
Nesse primeiro momento, as ações do poder público devem estar (e estão) focadas em respostas emergenciais, tais como a restauração dos serviços básicos e a limpeza das vias.
No entanto, implementar as estratégias exige um esforço de coordenação e de comunicação, inclusive para alinhar as expectativas. Aqui há um ponto de atenção. Quem teve a casa destruída e perdeu documentos, por exemplo, tem pressa. Portanto, é fundamental que o Governo do Estado defina indicadores de progresso e mantenha uma comunicação clara.
O tempo é um fator de pressão, mas
quando a população sabe o que está sendo feito, de que maneira e quais os prazos, fica mais propensa a apoiar e colaborar. Dessa forma, há uma chance de se estabelecer uma relação de confiança. E, sem sombra de dúvida, isso é crucial para as etapas seguintes.
Para além da dor da perda de vidas e da destruição de bens materiais de milhares de pessoas, o processo de reconstrução dos municípios pode ser uma oportunidade para que as cidades sejam planejadas e ofereçam mais segurança para enfrentar desastres climáticos. O poder público tem a chance de fazer melhor do que antes.
Primeiro, o próprio processo de reconstrução deve suscitar questionamentos e análises sobre erros e acertos na prevenção de desastres naturais. O Governo precisa dialogar com a população sobre as medidas para evitar futuras tragédias e ações de médio e longo prazos, entre elas a construção de moradias, reconstrução de escolas, postos de saúde, estradas e redes de serviço público.
A transparência contribui para a percepção de legitimidade das autoridades, ajuda a prevenir a corrupção e o desperdício de recursos financeiros, pois possibilita um melhor monitoramento e avaliação das estratégias adotadas.
Até aqui o Governo do Estado tem demonstrado vontade política e capitaneado recursos para reconstrução da região Sul. Daqui para frente precisa ter coragem para definir o caminho a seguir: ou atua de maneira paliativa ou deixa um legado para a região e um modelo a ser adotado para enfrentarmos desastres naturais.