Por que não te calas?
Se vivo fosse, bem poderia o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chaves, que ouviu a célebre frase dita pelo Rei Juan Carlos, da Espanha, durante uma discussão, aconselhar agora o presidente do Brasil. E nem precisaria ter o tom de bronca.
Um conselho ao pé do ouvido mesmo já bastaria, afinal de amigo para amigo, o peso é outro.
Quando o presidente da República fala de maneira intempestiva ou sem ponderação, gera desconfiança na opinião pública, impacta o universo político e o ambiente econômico.
Lembremos: Lula foi eleito prometendo bom senso e abrandamento da tensão política.
Mesmo os mais amigos hão de concordar que falta discernimento e foco.
Lula parece não perceber que falar sobre todos os assuntos sem critério gera mais malefícios do que benefícios.
Os sinais estão claros. Para ficar apenas em um, basta olharmos para os inúmeros discursos sobre a necessidade crescente de gastos e, em contrapartida, o silêncio absoluto sobre redução de despesas.
Sobram falas mal colocadas, que causam ruídos indesejáveis, e faltam ações.
O resultado imediato é a descrença na estrutura fiscal do país. Os investimentos estrangeiros vão embora, a bolsa de valores cai, o dólar sobe e o ambiente econômico piora.
É essencial que, antes de qualquer coisa, o presidente Lula acerte o tom, ou seja, deixe para trás a agenda de gestões anteriores do PT e encontre novos argumentos para velhos desafios.
Segundo, e não menos importante, é que Lula saiba escolher os momentos de fala e os temas sobre os quais vai se pronunciar.
Caso contrário, siga o conselho de um amigo.