Começamos a semana de olho no retrovisor, até porque a semana passada mostrou claramente uma das características mais marcantes do atual cenário global: a volatilidade.
Além disso, em um mercado interconectado, qualquer sinal de fraqueza em uma região se espalha rapidamente para as demais.
Na segunda-feira, o mundo financeiro experimentou uma verdadeira “Black Monday”, uma referência ao termo usado para descrever grandes quedas nos mercados.
A Bolsa de Valores do Japão despencou 12%, enquanto nos Estados Unidos, a ameaça de uma recessão refletiu em quedas expressivas dos índices.
A Europa não ficou imune e sentiu o golpe de forma severa. No Brasil, o dólar disparou, ultrapassando a marca dos R$ 5,80, reacendendo temores de um colapso econômico.
Esses movimentos bruscos desafiam as previsões mais fundamentadas e deixam investidores e gestores em constante estado de alerta.
Surpreendente, o cenário de sexta-feira já parecia outro. O Japão quase recuperou integralmente a queda sofrida no início da semana.
Nos Estados Unidos, os indicadores econômicos começaram a sugerir que a tão temida recessão poderia ser evitada, ou ao menos postergada.
E no Brasil, o dólar recuou, estabilizando-se pouco acima dos R$ 5,50.
Por aqui, algumas boas notícias ajudaram a moderar a temperatura. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu transmitir uma mensagem de estabilidade e confiança.
O nome de Gabriel Galípolo, cotado como provável sucessor de Roberto Campos Neto no Banco Central, foi bem recebido pelos investidores.
Galípolo é visto como técnico e experiente, o que poderia garantir uma transição tranquila e preservar a independência do Banco Central, um dos pilares da credibilidade econômica do país.
Outro ponto importante é que o presidente Lula não fez aquelas costumeiras declarações intempestivas que geram desconfianças no mercado.
Isso ajudou, mas, por outro lado, o silêncio em relação a situação da Venezuela é vergonhoso, mina a credibilidade internacional do Brasil e revela um viés perigoso. A defesa da democracia não pode ser seletiva.
Parece claro que um compromisso real com a boa governança, a redução de abusos e a promoção de um ambiente político e econômico mais estável e previsível daria ao Brasil condições concretas de se destacar no cenário global como uma economia emergente robusta e confiável.