O crescimento expressivo do número de médicos no Espírito Santo é inegável. Nos últimos 14 anos, o número de profissionais praticamente dobrou. Hoje são pouco mais de 14 mil, de acordo com a Demografia Médica 2024 do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Com isso, o número de médicos por mil habitantes, ou seja, a densidade, subiu de 1,91 para 3,61 superando a média nacional de 2,81. Esse aumento sugere um avanço significativo no acesso à saúde, mas uma análise mais atenta revela um desafio persistente: a distribuição desigual dos profissionais.
Vitória, a capital do estado, registra 18,68 médicos por mil habitantes, uma das maiores densidades do país. Esse número contrasta de forma gritante com a realidade vivida no interior, onde a média cai para apenas 2,22 médicos por mil habitantes. Esta disparidade reflete um problema antigo, que a simples multiplicação de profissionais não resolveu: a concentração de médicos em áreas urbanas e mais desenvolvidas, em detrimento das regiões periféricas e rurais.
Essa concentração em centros urbanos não é exclusiva do Espírito Santo. Esse é um reflexo de um fenômeno nacional. Dados recentes mostram que o Brasil, embora tenha mais de meio milhão de médicos ativos, comparativamente uma das maiores quantidades do mundo, ainda sofre com uma distribuição irregular. Em muitas cidades pequenas, onde a demanda por atendimento básico é imensa, a ausência de médicos coloca a saúde pública em estado de alerta.
O que explica essa desigualdade? Um dos fatores mais evidentes é a infraestrutura. Capitais como Vitória oferecem melhores condições de trabalho, tanto em termos de tecnologia quanto de remuneração. Além disso, a proximidade de centros acadêmicos e oportunidades de especialização contribuem para atrair e reter profissionais.
O desafio, portanto, não é apenas formar mais médicos, mas criar políticas que incentivem sua permanência em regiões que realmente precisam deles. Sem medidas concretas, como melhores condições de trabalho no interior e incentivos financeiros para médicos que optem por essas áreas, continuaremos a ver essa disparidade.
Uma distribuição mais equilibrada é essencial para garantir que todos os capixabas, independentemente de onde vivem, tenham acesso a serviços médicos de qualidade.