Eles cresceram! Nova geração de cães da PM já treina faro e busca
Os 13 filhotes das raças pastor-alemão e pastor-belga malinois cresceram e 12 deles já iniciaram os treinamentos para o trabalho com a Polícia Militar do ES
Doze filhotes das raças pastor-alemão e pastor-belga malinois integram a nova geração de cães farejadores da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES). Os "doguinhos de elite" completam 10 meses neste mês de janeiro e já estão sendo treinados no Batalhão de Ações com Cães (BAC).
As ninhadas, frutos das cadelas Linda e Uthara, foram apresentadas ao público em abril de 2024, que teve a oportunidade de escolher os nomes dos cãezinhos por meio de uma votação online.
Nos primeiros meses de vida, os filhotes passaram por adaptações aos seus tutotes policiais e agora começam a ser preparados para missões que envolvem desde a detecção e apreensão de drogas e armamento.
Mas nem todos seguirão a carreira policial. Dos 13 nascidos, 12 permanecerão no BAC, enquanto um dos filhotes, por não apresentar o perfil desejado, foi destinado à adoção.
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Nomes dos filhotes foram escolhidos pela sociedade
Os nomes dos filhotes foram escolhidos por meio de uma votação online, que gerou grande engajamento nas redes sociais. Os escolhidos foram:
- Filhotes da cadela Linda: Alfa, Amora, Ayla, Akira, Alexa, Alba, Ariel, Alma, Arya e Angel.
- Filhotes da cadela Uthara: Bruce, Beta e Brisa.
Treinamento intensivo e especializado
O treinamento desses filhotes é um processo complexo que começa desde cedo. Segundo o capitão Félix, chefe da Seção de Formação, Certificação e Controle do BAC, as áreas de atuação dos cães já estão pré-definidas, mas podem mudar de acordo com o perfil de cada animal.
“Minimamente, direcionamos os cães para especialidades como detecção de drogas e armas de fogo, explosivos, busca e captura. Contudo, como são filhotes, esses aspectos serão desenvolvidos conforme seu crescimento e comportamento”, explica o capitão.
A formação inicial inclui a exposição dos cães a estímulos como água, sons, texturas e obstáculos, criando um ambiente que simula situações reais. Esse método garante que eles estejam preparados para enfrentar quaisquer desafios durante suas operações.
“Os cães passam por diversas situações, com estímulos como sons, texturas e obstáculos. Tudo é tratado como uma brincadeira, para que eles se familiarizem com situações que encontrarão no trabalho policial”, detalhou.
Áreas de atuação dos cães policiais
Os cães do BAC podem ser direcionados para diversas especialidades, como:
- Detecção de drogas e armas de fogo;
- Busca e captura de pessoas;
- Detecção de explosivos.
Veja o vídeo:
No entanto, o perfil de cada animal é determinante para sua área de atuação, como destacou o capitão Félix.
“Ainda estamos acompanhando o desenvolvimento dos filhotes para entender suas aptidões específicas. Eles têm menos de um ano e, nesse período, várias características podem se manifestar.”
Entre os 13 filhotes, um deles já foi doado. De acordo com o BAC, ele não demonstrou interesse em brincadeiras ou atividades que indicariam aptidão para o trabalho policial.
“Isso não significa que o cão seja ruim, mas sim que ele não se enquadra nos requisitos necessários para a atividade policial”, ressaltou o capitão.
Já as cadelas Linda e Uthara, mães dos filhotes, continuam ativas na corporação. Após o período de amamentação, elas voltaram a participar de operações e apreensões de entorpecentes.
“A vida delas segue, assim como de nossas das mães após a maternidade”, afirmou o capitão.
Aposentadoria dos cães policiais
Assim como os policiais humanos, os cães do BAC têm uma carreira que inclui aposentadoria. Segundo o capitão Félix, ao atingirem 8 anos, os cães passam por avaliações médicas e de comportamento a cada seis meses.
Caso apresentem sinais de cansaço ou limitações, são encaminhados para a aposentadoria.
“Quando um cão se aposenta, oferecemos a oportunidade de adoção primeiramente ao condutor responsável por ele, que geralmente deseja manter o vínculo com o animal”, explicou o capitão.
Se estiverem com boa saude, os cães farejadores podem trabalhar até os 10 anos, quando são aposentados de suas funções.
Intercâmbio e destaque internacional
A capacitação do BAC atrai interesse internacional. Esteban Samuel Flores, oficial primeiro da Polícia Nacional do Paraguai, veio ao Brasil apenas para participar do treinamento especializado com cães do BAC e elogiou o trabalho realizado pela polícia capixaba.
"Este curso é muito importante para nós, especialmente porque se concentra no trabalho com cães, uma área fundamental para o combate ao crime em nosso país. No Paraguai, enfrentamos grandes desafios, como o tráfico de drogas, tanto a nível nacional quanto internacional. Enfrentamos situações complexas, e o uso de cães treinados é uma ferramenta chave para melhorar nossa eficiência. Agradeço muito essa oportunidade, pois ao retornar ao meu país, poderei aplicar o que aprendi e ajudar a melhorar nossas operações de segurança", disse Flores.
Também veio ao Espírito Santo o tenente da campanha de emprego tático operacional do 8º Batalhão de Porto Seguro, da Bahia, Wanderlito Oliveira da Silva.
Segundo ele, o treinamento com cães realizado pelo BAC se tornou referência, já que quatro militares da Bahia estiveram no Estado participando de treinamentos especiais com cães do BAC.
"Quatro militares do nosso batalhão se capacitam aqui e retornam para dar continuidade às ações com cães lá na região. Fico muito grato à PMES por estar ofertando essa oportunidade de adquirir conhecimento e levar esse aprendizado para o nosso estado. É uma experiência muito rica, e é gratificante estar em um batalhão que é referência no policiamento com cães. Esse trabalho é essencial, e poder aprender aqui faz toda a diferença."
Capacitação até para apreender minas terrestres
A equipe do Folha Vitória acompanhou um dia dos "doguinhos de elite" no BAC e o treinamento dos filhotes chamou a atenção pela intensidade e importância.
Os animais estão sendo capacitados para detectar drogas, armas, explosivos e até minas terrestres, utilizando uma técnica específica que inclui o uso de bastões, uma ferramenta que simula um estímulo para o condicionamento físico dos cães.
O capitão Félix explicou que o objetivo do treinamento é proporcionar aos cães um condicionamento físico rigoroso, necessário para o trabalho de busca e detecção.
"O bastão é usado dentro de uma técnica conhecida como ISC, que trabalha o condicionamento físico do cão para detecção de substâncias e objetos perigosos", afirmou o capitão.
Ele ainda completou que, além da preparação para localizar drogas, armas e munições, os cães também são treinados para atuar em operações contra explosivos e minas terrestres.
"Essa metodologia, que é aplicada em diversas forças de segurança ao redor do mundo, como na União Europeia, e tem sido adaptada para as necessidades específicas do nosso batalhão", explicou.
Veja fotos dos "doguinhos de elite":
Durante o treinamento, os cachorros realizam atividades de alta intensidade, comparáveis a corridas explosivas de 100 metros.
O trabalho é árduo, mas essencial para garantir que os cães possam, com agilidade e precisão, localizar os itens de interesse, como drogas ou armas, em situações reais.
"Essa explosão de energia, que para o cão é um jogo, é crucial para o seu condicionamento", afirmou o capitão Félix.
A metodologia de treinamento, que inclui repetidas tentativas de captura do "brinquedo", simula o processo de busca real, no qual o cão precisa localizar e capturar objetos específicos. Essa técnica permite que o cão refine suas habilidades e permaneça motivado para o trabalho de detecção.
*Texto sob supervisão da editora Erika Santos