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Professor da Ufes acusado de racismo diz que alunos cotistas são semianalfabetos

Manoel Malaguti reafirmou que preferiria ser atendido por um médico branco, alegando que o negro, normalmente, tem menos acesso a uma educação "requintada"

Malaguti disse que alunos cotistas deveriam ter uma atenção especial para se igualarem aos demais Foto: Reprodução

Envolvido em uma polêmica ao afirmar em sala de aula, em novembro do ano passado, que preferiria ser atendido por um médico ou advogado branco em vez de um negro, o professor Manoel Luiz Malaguti, do Departamento de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), garante que não se arrepende das declarações. Além disso, ele reafirmou ser contra as cotas de vagas para alunos negros nas universidades.

"Trabalho na Ufes há 20 anos e percebo a diferença do nível dos alunos antes e depois do sistema de cotas. Não só eu, mas outros professores também. A partir da fase de cotas, o ensino universitário passou a ser equivalente ao de segundo grau. A maioria dos cotistas sai das escolas praticamente analfabetos", destacou.

Malaguti afirmou ainda que há uma rixa grande entre alunos cotistas e não cotistas nas universidades e que tem professor que prefere colocar esses estudantes em turmas diferentes para amenizar esse atrito.

"Alunos que estudaram em colégios melhores se deparam, na mesma sala de aula, com pessoas que mal conseguiram aprender a ler e escrever. Isso prejudica o trabalho do professor. Então eu acho que, já que existe esse sistema de cotas, é preciso oferecer melhores condições a esses cotistas para que, aos poucos, seu nível de educação seja igualado aos demais", opinou.

Quanto à polêmica declaração de que preferiria ser atendido por um profissional branco, Malaguti ressalta que sua posição é reflexo da desigualdade de condições de estudo que pessoas de diferentes etnias têm no Brasil. 

Estudantes de diversos cursos da Ufes fizeram uma manifestação dentro de sala de aula contra o professor Foto: Divulgação

"Não tenho nada contra os negros. Mas se a gente for levar em consideração que a maioria deles tem pouco acesso a uma educação mais requintada, com participação em congressos no exterior, a tendência é que, não só eu, mas qualquer um, prefira um profissional branco. Se eu estou com a vida em jogo e tenho a oportunidade de escolher entre um médico branco ou negro, certamente escolheria o branco, por ser provavelmente a melhor opção. Não sou eu, mas qualquer um faria isso, por causa do histórico das educação do negro", argumentou.

Protesto

Após a polêmica declaração dada em sala de aula, Manoel Luiz Malaguti foi afastado pela Ufes. Após quatro meses, ele voltou a dar aulas na última terça-feira (17) e enfrentou um protesto de estudantes de diversos cursos da universidade dentro da sala de aula. Sobre essa situação, o professor disse que esses manifestantes infringiram o regulamento da instituição e estarão sujeitos a diversas sanções.

"É como se fosse uma invasão de domicílio. A aula era minha e eles não tinham a minha permissão para entrar na sala. Eles a invadiram, cantaram músicas e levantaram os braços. Algumas pessoas ficaram em pânico e não entenderam aquela situação. Sofreram danos morais", destacou.

O professor também foi denunciado por racismo pelo Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF-ES). Sobre essas questão, Malaguti preferiu não comentar já que, segundo ele, ainda não há nenhuma definição sobre esse processo.

Veja abaixo o vídeo em que os alunos protestam contra o professor acusado de racismo: