Mês da Mata Atlântica: 'sem preservação não há crescimento econômico'
Evento chama a atenção da sociedade sobre a importância da conservação desse ecossistema para o desenvolvimento sustentável do país.
Neste mês, em que é celebrado o Dia da Mata Atlântica (27/05), o evento Viva a Mata terá uma série de ações para chamar a atenção da sociedade sobre a importância da conservação desse ecossistema para o desenvolvimento sustentável do país.
Para Erika Magalhães, gerente de Áreas Protegidas da SOS Mata Atlântica, entidade que organiza o evento, o Brasil é uma potência ambiental mundial, e a preservação da floresta beneficia o desenvolvimento socioeconômico, a saúde e o bem-estar da população.
“Queremos mostrar para a sociedade que, se a gente não conservar a natureza, se não conservar nosso maior ativo, o que faz a gente ser essa potência econômica, ambiental e um país megadiverso, a gente não vai conseguir resolver nossos desafios econômicos nem crescer para ser uma nação que oferece qualidade de vida para os brasileiros”, disse.
Economia
Do ponto de vista econômico, Erika destaca que 70% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos) do Brasil, é produzido nos 17 estados que compõem o bioma da Mata Atlântica e que concentram 85% da população do país. “Apesar de ser uma floresta extremamente ameaçada, que já perdeu mais de 90% da sua cobertura, ainda assim é uma provedora de qualidade de vida, de serviços ambientais e de insumos para gerar nossa economia, tanto insumos ligados ao agronegócio quanto outras matrizes econômicas”, explicou.
Além de matérias-primas para outras atividades econômicas, há a contribuição na área do turismo. “Se a gente pensar só no turismo associado à visitação de parques nacionais, há uma geração estimada de R$ 2,5 bilhões por ano. Isso contribui para gerar de 80 mil a 100 mil empregos”, acrescentou a gerente do SOS Mata Atlântica.
Erika lembrou que a economia brasileira serviu-se do bioma ao longo da História. “Desde a extração do pau-brasil até os grandes ciclos econômicos do Brasil, passaram pela Mata Atlântica: o café, a cana de açúcar, a industrialização e agora a urbanização, que é uma das maiores ameaças a esse bioma atualmente”. Segundo ela, os pequenos remanescentes de florestas que sobraram estão dentro das cidades e estão servindo de área para expansão urbana.
Qualidade de vida
A situação é bastante desafiadora, ressalta a especialista, porque cada vez mais a sociedade está vivendo em áreas urbanas, com déficit de natureza. Enquanto isso, pesquisas recentes mostram que estar próximo de florestas e de áreas verdes traz benefícios para a saúde.
“Esse é um tema muito novo: a relação entre saúde e natureza. Estar em área de natureza melhora a imunidade, reduz a pressão arterial, diminui a ansiedade, diminui a produção do hormônio associado ao estresse – o cortisol – e, como nós temos uma população urbana, esses 145 milhões de pessoas que vivem no bioma da Mata Atlântica vivem majoritariamente na área urbana, portanto sem floresta e portanto com sua saúde cada vez mais comprometida, seu bem-estar e qualidade de vida”, avaliou Erika.
Nas ações promovidas no evento deste mês, a SOS Mata Atlântica tem o objetivo de promover uma reflexão entre as políticas de conservação da natureza, políticas de planejamento e desenvolvimento urbano e políticas de saúde pública e coletiva. “As pesquisas tem mostrado que esses três pilares tem que caminhar juntos”, disse Erika. A programação completa do Viva a Mata 2019 está no site da entidade.