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"Diversas vezes não abaixei a cabeça", diz Chica Chiclete sobre preconceito

Pioneiro da arte drag no Espírito Santo, Francisco Spala compartilhou com o Folha Vitória um pouco da sua história de glamour e luta pelos direitos LGBTQIAP+

Carlos Raul Rodrigues Santos *Estagiário

Foto: reprodução redes socias

De vereador a dono de diversas boates no Esp´írito Santo, Francisco Spala, de 56 anos, mais conhecido como a drag queen Chica Chiclete, é um dos personagens mais importantes na luta pelos direitos LGBTQIAP+ capixaba. 

Pioneiro da arte drag no Espírito Santo, Chica Chiclete compartilhou neste Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+ com o Folha Vitória um pouco da sua história de glamour e luta, que iniciou durante a ditadura militar, na década de 1980. 

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A história de Francisco como Chica Chiclete tem início em 1986, aos 18 anos, em uma brincadeira com amigos. Desde lá, a personagem vem trazendo alegria para o Brasil e para o mundo. Segundo Francisco, sua persona é uma válvula de escape.

"Sempre façam o melhor que puderem, melhor maquiagem, e façam isso com dignidade. Sou um artista, isso não é profissão, é uma libertação, é uma libertação do seu eu. Curti bastante e curto até hoje", disse Francisco. 

Ele descreve uma longa luta contra o preconceito e discriminação em relação à identidade de gênero e orientação sexual. Chica Chiclete se orgulha de ter sido uma das precursoras dessa luta, com amigos, e sente grande satisfação pelo trabalho realizado. 

No entanto, ainda existe tristeza pelo fato de que pessoas continuam sendo crucificadas por serem quem são. A drag queen destaca que embora as condições tenham melhorado desde a década de 1980, o preconceito e a discriminação persistem.

"Foi uma época difícil, eu encarei isso como uma luta, sempre fui muito audacioso por aquilo, com respeito. Diversas vezes não abaixei a cabeça, o que me trouxe consequências horríveis. Os jovens de hoje precisam se unir e lutar por mais direitos, assim como fazíamos na década de 1980", destacou Francisco.

Francisco ainda conta que descobrir e aceitar sua identidade de gênero e orientação sexual foi uma jornada difícil. Ele alerta os jovens sobre a importância de buscar ajuda e não sucumbir ao próprio preconceito, que pode levar a consequências trágicas.

"Na década de 1980, pessoas morreram devido à peste da homofobia, sendo marginalizadas e vistas com nojo. Hoje em dia temos diversos órgãos que podemos procurar, um deles o SUS. Peço para que os jovens enfrentam o preconceito e a discriminação para não acabarem com um final trágico".

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Francisco também contou uma experiência marcante que teve que lidar por conta da discriminação. Em 2012, durante sua candidatura para vereador de Vitória, foi humilhado por uma mulher, que ria e o ridicularizava.

"Fui humilhado, ridicularizado, apenas por estar me candidatando a vereador. No momento, a repreendi e até fui aplaudido. Mas após sair do restaurante, saí arrasado, chorando, me perguntando o porquê de ter sido discriminado", disse.

Mesmo com diversos obstáculos no caminho, Francisco continuou levando a personagem de Chica Chiclete longe. Em 2016, foi eleito vereador pelo município de Vila Velha, se tornando a primeira drag queen eleita no Brasil.

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*Texto sob supervisão da editora Erika Santos

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