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Práticas de IA generativa são aplicadas no audiovisual

SET EXPO, que acontece entre 19 e 22 de agosto, debate possibilidades de aplicação da ferramenta; especialista alerta que uso necessita sempre uma camada de revisão humana

Foto: Divulgação/DINO

A popularização da IAG (Inteligência Artificial Generativa) desde o final de 2022 acendeu o debate sobre a possibilidade de sua aplicação na produção de conteúdos jornalísticos. Por isso, o assunto será tema do painel comandado pelo professor Márcio Carneiro no primeiro dia do 34º Congresso de Tecnologia e Negócios de Mídia e Entretenimento do SET EXPO, que acontece em São Paulo entre 19 e 22 de agosto.

Segundo o docente, coordenador do Mestrado Profissional de Comunicação da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e doutor pelo Programa de Tecnologias da Inteligência e Design Digital da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), o primeiro passo é separar a IA generativa da preditiva, que já é amplamente utilizada por veículos de comunicação.

“A IA preditiva está na caixa de e-mail, detectando spam; na plataforma de e-commerce ou de streaming, recomendando coisas. Ela já é utilizada no jornalismo sugerindo matérias e na predição do engajamento social a partir de uma determinada temática, por exemplo.  Já a generativa também pode ser útil para redações e assessorias, porém com um cuidado maior, pois não foi feita para ser precisa, foi feita para ser criativa”, afirma o especialista.

Construída em função do conhecimento anterior das outras subáreas da inteligência artificial, a IAG sempre vai requerer revisão humana, segundo Carneiro. Ele faz a ressalva de que os próprios produtos desta área, como CHATGPT, GEMINIS e outros, exibem avisos de que erros podem ser cometidos e há a necessidade de checar as informações ali escritas.

“Eles não operam como buscadores, do jeito que muita gente pensa; são ferramentas excelentes em áreas como o marketing e a publicidade, que exigem criatividade. No jornalismo, podem ser ótimos assistentes para fazer sumarização, gerar resumos e reconfigurar textos para uso em diferentes plataformas, mas sempre haverá o risco de uma palavra ou construção que gere duplo sentido, soe estranha ou tire a informação de contexto. Nas assessorias não conheço nenhuma grande empresa que esteja postando nas mídias sociais conteúdo de IAG no automático, sem revisão. O dano para a marca, por um erro deste tipo, não compensa”.

O professor cita três regras básicas: IAG pode ser uma excelente assistente, mas você não confia cem por cento nela e, talvez a principal, ela não faz as coisas do jeito que você pensa que ela faz. Se souber disso, seu uso pode gerar ganhos de produtividade. “A gente tem o imaginário de estar em uma rede tomando água de coco deixando a máquina fazendo tudo para nós no automático; entretanto isso não existe. Você vai precisar revisar e entender quais cuidados tomar dependendo do tipo de IA utilizada.  Ainda precisamos levantar mais informações a fim de ter uma discussão qualificada”, pondera.

A programação do SET Expo, que será realizado no Distrito Anhembi, visa justamente contribuir nessa e em outras discussões. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas por meio deste link.

Regulação e o crescimento exponencial

A má utilização da tecnologia acende o debate sobre a regulação da IA no Brasil. Diante da expectativa que a tecnologia se torne cada vez mais sofisticada e integrada, ainda se discute a melhor maneira de promover a colaboração entre humanos e máquinas para aumentar a eficiência e a criatividade.

“Todas as big techs já tinham projetos de IA antes do surgimento da IAG e há pelo menos 10 anos, elas coletam dados que nos influenciam e geram impactos na sociedade em geral, muito além do aspecto apenas tecnológico. A popularização do CHATGPT no final de 2022 acelerou uma espécie de corrida dessas empresas pela manutenção na ‘Série A’ da tecnologia. O ciclo de evolução está acontecendo muito rápido, sendo turbinado por essa guerra para não parecer atrasado. A ordem é botar a IA em tudo. Foi uma evolução muito grande nos últimos 18 meses e não há como prever onde estaremos daqui um ano e meio”, pondera.

Carneiro finaliza reforçando que a questão básica é saber sobre qual tipo de IA está se falando, já que se trata de um campo de conhecimento enorme, com décadas de desenvolvimento. “Não dá pra colocar tudo no mesmo saco, a IA não é uma coisa só. Ainda falta conhecimento para poder discutir corretamente e a legislação tem que surgir a partir de um aprofundamento. Vejo muitas discussões genéricas. Existe a necessidade, mas também não podemos regular apenas porque está na moda ou na pauta”.

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