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Especialistas capixabas alertam para febre do "selfie" nas redes sociais

Selfie virou moda e para os psicólogos algumas pessoas têm dependência dele, como a necessidade do olhar do outro. E alguns abusam, sem limites éticos

Um momento de dor e sofrimento para a família é exposta para milhões Foto: Divulgação

O que estaria levando as pessoas a registrarem por meio das selfies (auto-retrato) momentos de violência e de dor? Especialistas alertam para a banalização do uso das selfies. O fato é que além do modismo, muitas pessoas estão se tornando dependentes dessa exposição.

Selfie virou moda e para os psicólogos algumas pessoas têm dependência dele, como a necessidade do olhar do outro. E alguns abusam, sem limites éticos.

Um rapaz de 19 anos dominou o homem que tentou roubar o celular dele no bairro Paul, em Vila Velha e depois tirou uma selfie. Essa selfie deu o que falar nesta quarta-feira (06). “Ele teve essa cara de pau de falar que aquele é o ganha pão dele, foi nessa piada que eu pensei: eu tenho que registrar”.

O suspeito do assalto é Elivan Fagundes de Almeida, de 28 anos, que foi preso. O termo inglês selfie não tem tradução, mas significa uma foto tirada de si mesmo. Virou moda depois que inventaram celulares com câmeras frontais, e divide opiniões.

O universitário Rodrigo Ribeiro diz que quando vai a um lugar bonito e legal, costuma registrar para a galera ver. Mas para a professora Gisele Cristina, “as pessoas costumam se expor, mas muitas vezes querem mostrar o que não são”.

Os especialistas já chamam de geração registro. Para muitos jovens não basta viver uma experiência, é preciso registrá-la num selfie e publicar nas redes sociais da internet. É como se só assim a pessoa sentisse que realmente viveu aquilo.

“A angústia da pessoa quando ela esta vivendo algo que ela não pode colocar na rede social é o equivalente ao fato de como se ela não estivesse vivendo aquilo. Só vivo se consigo colocar na rede social, registrar e ter visualizações e curtidas. Nós temos uma geração que vive basicamente pela legitimação do olhar do outro”, desabafa o psicólogo Adriano Jardim.

Adriano Jardim, que admite tirar selfies de vez em quando, alerta para uma questão ainda mais grave. Pessoas como os adolescentes que fizeram um selfie ao lado de uma cena de crime, com corpos de dois jovens baleados em Cariacica, no mês de junho passado.

“Para nós, passaria claramente como um momento que tem que ser respeitado, mas não há mais esse limite, não há mais esse respeito. Quer dizer, a violência e a agressividade daquela cena deveria ser guardada, é um momento de dor e sofrimento para a família que foi exposta para milhões. Isso mostra a grande confusão que nós estamos tendo e a invasão do espaço privado para o espaço público, esclarece Adriano.

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