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Reunião debate soluções para erosão da orla de Meaípe em Guarapari

Os estudos que estão sendo feitos sobre as areias monazíticas na região avançam no sentido de fornecer um diagnóstico para o problema que atinge a região

Carolina Brasil

Redação Folha da Cidade
Foto: Carolina Brasil
A orla da Praia de Meaípe e de toda região sofre com as consequências da erosão e do avanço do mar. 

Nesta terça-feira (20), lideranças comunitárias, representantes do poder público e da iniciativa privada se reuniram para aprofundar o debate sobre causas e soluções para a erosão que atinge a orla de Meaípe e região. Na ocasião, o Prof. Dr. Marcos Tadeu D’Azeredo Orlando, que integra a equipe de pesquisa em torno das areias monazíticas no local, apresentou um panorama inicial sobre o problema, resultado de uma compilação de dados e um encontro com cientistas renomados, ocorrido na última semana, em São Paulo.

“A solução que a gente está propondo de imediato é a engorda da praia para resolver o problema em curto prazo. Existem vários fatores que a gente precisa estudar, queremos dar o diagnóstico amplo para que a engenharia entre e faça a correção para 200 anos. Não é muro”, ressaltou.

Foto: Carolina Brasil
Prof. Dr. Marcos Tadeu apresenta informações obtidas pelos pesquisadores e sugere um workshop para novembro.

De acordo com o pesquisador, o processo natural de reposição da areia está comprometido, provocando a erosão e o avanço do mar ao longo dos anos. Entre os fatores, está o Porto de Ubu, administrado pela Samarco Mineração, e as retiradas de areia para aumentar o calado de acesso ao local. “Precisamos entender porque a areia não está sendo resposta naturalmente, o calado da Samarco não é a única razão, mas checamos documentos, pesquisas armazenadas em radares e satélites e encontramos inconsistência no relatório da empresa. Esse é um fator, mas não existe o maior, tem um problema também no fluxo de areia que vem do norte, e precisamos saber o motivo, além das modificações na região costeira, por exemplo. Todos os fatores serão checados”.

Os estudos sugerem, ainda, que a areia dragada para o calado, poderia ser utilizada para engordar a praia e questionam a razão para isso não ter sido adotado desde as operações no porto. “Essa é uma areia monazítica, de terra rara e cara, não faz sentido depositar em outro local. O que está sendo feito?”, questionou o Prof. Dr. Marcos Tadeu.

“Pra gente é uma questão de sobrevivência. Existe um temor grande a gente percebe que a solução, graças a Deus, está surgindo. O Estado já se posicionou, agora, o pessoal da Ufes e da USP está dizendo que tem condições de fazer os estudos necessários para contribuir para a solução. A gente tem um problema e a Samarco tem a possibilidade de ajudar, acredito que o diálogo é o caminho”, destacou Geraldino Nascimento, comerciante local.

Foto: Carolina Brasil
Geraldino Nascimento sonha com a solução e uma nova orla.

Espigões

Segundo Prof. Dr. Marcos Tadeu, a ideia inicial do Departamento de Estradas de Rodagens do Espírito Santo (DER-ES) de construir espigões não é a solução. “Acho que isso foi colocado na necessidade imediata de apresentar alguma ideia, mas não é trazendo um elemento a mais que vai resolver. Algo interrompeu o fluxo de areia e isso precisa ser solucionado. Os maiores cientistas desse país, que eu conheço e que são cientistas internacionais, estão dispostos a ajudar e estão apenas pedindo apoio e estrutura para fazer. Mas só vai sair se o poder público quiser, a Samarco quiser e a população quiser.”

Governo do Estado

Presente no encontro e representando o poder público estadual, o subsecretário de Turismo, Gedson Merízio, comentou. “O Governo do Estado já sinalizou que não haverá obras paliativas e sim duradouras. E as pesquisas da Ufes/USP vão antecipar um processo do Estado, que faria esse estudo para a tomada de decisões de engenharia. Agora, os trabalhos desses pesquisadores serão fundamentais”.

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Gedson Merízio garantiu o empenho do Governo do Estado na solução doproblema.

Workshop

No encontro, ficou decidido que um workshop será realizado em novembro, com a presença dos principais pesquisadores e cientistas envolvidos, para ampliar a divulgação dessas informações e de todo cenário que envolve os estudos propostos.

Atualização

Em contato com a nossa redação, a Assessoria de Imprensa da empresa enviou posicionamento sobre o assunto em nota:

“A Samarco esclarece que estudo, concluído em junho de 2018, não constatou influência do Terminal Marítimo de Ponta Ubu no processo erosivo da orla de Meaípe. O estudo foi feito por uma consultoria especializada em oceanografia e modelagem computacional com objetivo de avaliar a influência do Terminal Marítimo na região costeira.” 

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