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Governo lança programa para ampliar ensino integral, mas ES não preenche vagas disponíveis

De acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Sedu), das mais de 63 mil vagas disponíveis, pouco mais de 47 mil estão ocupadas

Redação Folha Vitória

Foto: Thiago Coutinho/Sedu

Programa lançado pelo Governo Federal deve ampliar vagas para ensino público integral, mas os desafios vão além do orçamento. No Espírito Santo há vagas, mas a rede pública não consegue preenchê-las.

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Em uma escola estadual no bairro Vale Esperança, em Cariacica, o sistema de ensino integral possui bons resultados. Com aulas das 7h30 às 17h, 500 alunos do fundamental participam da modalidade. São 16 disciplinas, ou até mais, sendo cada uma com sua sala.

"Com esse tempo de convívio, a gente consegue entender aluno por aluno, cada dificuldade, cada facilidade, identificar os dons, então a gente consegue fazer um direcionamento mais específico para que o aluno saia daqui com uma educação integral", explicou a diretora da escola, Rhaiany Simões.

A escola é considerada um modelo em Cariacica e, segundo a diretora, não há registros de evasão. Para a turma, não há problema em ficar o dia inteiro na escola.

"Eu acho bom porque meu tempo fica ocupado e eu não fico atoa. No almoço dá para descansar bem", contou Ana Julia Teixeira Martins, de 15 anos.
"Antigamente, quando eu estudava em meio período eu ficava muito atoa em casa e agora eu consigo estudar e tem as aulas de estudo orientado para fazer mais deveres e não acumula tanto", contou a estudante Ana Clara Broschldt, de 15 anos.

Mesmo com a vontade e o interesse de alguns alunos, o Estado não consegue preencher todas as vagas de ensino integral que são ofertadas.

De acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Sedu), das 63.502 vagas disponibilizadas, 47.635 estão ocupadas.

"Tem que ser uma experiência diferenciada porque os alunos ficam, no mínimo, sete horas diárias. Qual atrativo é esse? Qual diálogo que eles têm com a cidade, com os elementos da cultura? O que eles fazem fundamentalmente ali quando eles passam um tempo mais alargado?", alertou a especialista em educação da Ufes, Vânia de Carvalho Araújo.

O Estado conta com 156 escolas de ensino em tempo integral nos níveis fundamental e médio. Na Grande Vitória, também há escolas municipais nesse modelo de ensino. São 17 em Vitória, 13 em Cariacica, 10 em Vila Velha e cinco na Serra.

No Espírito Santo, 10,7% dos alunos do ensino fundamental da rede pública estão matriculados em escolas de tempo de integral. Índice abaixo da média nacional, que é de 14%.

Já no ensino médio, o número de alunos matriculados nessa modalidade é acima da média do país e chega a 23%.

Um programa lançado pelo Governo Federal nesta segunda-feira (31), prevê ampliar em um milhão o número de matrículas em tempo integral ainda em 2023. O investimento é de R$ 4 bilhões.

"A educação ela precisa ser enxergada por todos os prefeitos, todos os governadores, por todo nós como o mais importante investimento que pode ser feito em uma cidade, no estado ou no país", disse o presidente Lula durante o lançamento do projeto.

O objetivo do Plano Nacional de Educação é que o ensino integral seja ofertado em 50% das escolas públicas até o ano que vem. Porém, para a especialista, considerando a atual situação, a meta será difícil de ser alcançada.

"Eu acho, infelizmente, que nós não vamos atingir. Porque no ano que vem termina o período do plano nacional de educação, que vale por 10 anos, e em 10 anos nós não conseguimos fazer isso. Esse trabalho tem que ser uma força tarefa intensa no decorrer dos próximos anos, junto com os governos estaduais, municipais e instituições privadas", ponderou.

* Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/Record TV.