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Cenipa: pilotos da Voepass notaram falha antes da queda do avião

A investigação aponta que o sistema de de-icing foi desligado duas vezes durante o voo, e foi ligado na terceira vez, ficando acionado até a queda

Foto: Divulgação/Secretaria de Segurança Pública de SP

Gravações entre pilotos do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, São Paulo, em agosto, recuperadas das caixas-pretas mostram que eles notaram um possível problema no sistema antigelo da aeronave antes da queda. 

Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), um dos tripulantes teria comentado sobre falha no sistema "de-icing". A gravação foi realizada às 12 horas, 15 minutos e 42 segundos. Apesar disso, o órgão ainda não confirma o defeito. No acidente, 62 pessoas morreram. 

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O chefe do Cenipa, Marcelo Moreno, afirmou que a informação levantada nos últimos 30 dias ainda é "muito preliminar". 

“O que temos até o momento é uma fala extraída que um dos tripulantes indica que haveria uma falha no sistema de de-icing. Todavia, essa informação não foi confirmada no gravador de dados”, disse. 

Representantes do Cenipa ainda explicaram que o sistema de proteção contra gelo da aeronave é dividido em quatro partes. detecção, proteção da aeronave contra o gelo, alarmes na cabine para os pilotos e procedimentos a serem seguidos.

A investigação aponta que o sistema de de-icing foi desligado duas vezes durante o voo, e foi ligado na terceira vez, ficando acionado até a queda.

De acordo com o tenente-coronel Fróes, do Centro, ainda não é possível afirmar se o sistema foi desligado por um dos pilotos ou uma falha realmente ocorreu. 

“Não podemos precisar, neste momento, se a tripulação desligou ou se alguma outra coisa possa ter desligado o sistema. Isso são os próximos passos da investigação”, explicou.

O Cenipa afirmou que, no dia do acidente, “havia muita umidade combinada com temperatura do ar abaixo de 0°C, o que favoreceu a ocorrência de Formação de Gelo em Aeronave (FGA) severa, desde o centro-norte do Paraná (PR) até São Paulo (SP)”.

“Novos dados estão em processo de coleta para posterior validação, a fim de fundamentar as análises, de modo a garantir a precisão e a confiabilidade das conclusões que serão apresentadas no Relatório Final”, pontuou o Tenente-Coronel Fróes.

A caixa-preta é o nome popular dado ao sistema de registro de voz e dados presente nos aviões. Esse sistema é composto por dois dispositivos distintos e independentes. O primeiro, conhecido como CVR (Cockpit Voice Recorder), é responsável por gravar os sons ambientes da cabine de comando.

A outra parte, chamada de FDR (Flight Data Recorder), armazena informações como velocidade, aceleração e altitude, entre outros parâmetros de voo. Dessa forma, o sistema é composto por dois equipamentos separados.

Extração dos dados

Durante a análise dos dados das caixas-pretas, os equipamentos passam inicialmente por uma oficina de extração, onde as placas de memória são removidas e cuidadosamente inspecionadas. Nesse processo, também é feita a verificação dos componentes.

Os analistas de dados da FAB ressaltam que esse procedimento requer extrema cautela para evitar danos adicionais às placas. Para isso, utilizam microscópios que permitem uma observação detalhada de vários ângulos, além de usarem luvas e jalecos para garantir a proteção e precisão.

Foto: Reprodução/ WhatsApp

Quando a caixa-preta é recuperada da água, o processo precisa ser ajustado. Conforme explicam os analistas, a oxidação começa imediatamente após a remoção do equipamento da água, tornando necessário o uso de fornos especializados para o tratamento adequado do dispositivo.

Digitalização

Os dados são recuperados de forma eletrônica, possibilitando o acesso aos áudios da cabine, às comunicações dos pilotos e à análise de centenas de parâmetros de voo, como altitude, velocidade e trajetória.

“Trabalhamos incansavelmente para entregar aos investigadores o máximo de informações oriundas dos dados obtidos, as quais exigem um processo meticuloso de análise e, assim, em tempo hábil, colaboram para a excelência dos resultados, contribuindo para o aprimoramento da aviação”, destacou o chefe do Labdata (Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo), coronel aviador Sidnei Velloso da Silva Junior.

*Com informações do Portal R7