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Lama de minério que percorre o Rio Doce deve chegar a Linhares nesta sexta-feira

A previsão é do Ibama e da Defesa Civil estadual. De acordo com o Governo do Estado, os resíduos de mineração já chegaram ao município de Marilândia

Lama de minério chegou à divisa de Colatina com Marilândia na tarde desta quinta-feira Foto: Fred Loureiro/Secom-ES

A lama com rejeitos de mineração, que atinge a bacia do Rio Doce, deve chegar nesta sexta-feira (20) a Linhares, no norte do Espírito Santo. A previsão é do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Defesa Civil estadual. 

Os resíduos de minério já passaram por Colatina, no noroeste capixaba, e, de acordo com as últimas informações do Governo do Estado, chegaram ao município de Marilândia. A previsão, até o momento, é que a lama chegue à foz do Rio Doce até o fim de semana. 

No entanto, a Justiça Federal no Espírito Santo determinou que a Samarco - responsável pelas barragens que romperam em Mariana-MG e que provocaram o desastre ambiental - adote, em 24 horas, medidas para que os resíduos de minério não cheguem ao mar. Conforme a decisão, do juiz Rodrigo Reiff Botelho, da 3ª Vara Cível de Vitória, a mineradora, que pertence a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, será multada em R$ 10 milhões por dia caso a determinação não seja cumprida. 

Ainda com relação aos impactos da lama na foz do Rio Doce, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) emitiu autorização ambiental para a Prefeitura de Linhares fazer a abertura da "boca da  barra", na foz do manancial. A ação teve início no dia 9 e vai servir para dar vazão à lama, considerando também que o mar tem mais capacidade de diluí-la. 

Samarco

Samarco informou que barreiras de contenção já começaram a ser instaladas na foz do Rio Doce Foto: Fred Loureiro/Secom-ES

Em comunicado divulgado na noite desta quinta-feira (19), a Samarco informou que 9 mil metros de barreiras de contenção offshore e Sea Fence começaram a ser instaladas na foz do Rio Doce. Segundo a nota, os estudos para implantação da medida e escolha da metodologia foram realizados pela Samarco, em conjunto com a Fundação Pró-Tamar, pescadores da região e representantes do Instituto Chico Mendes (ICMBio).

De acordo com a mineradora, as contenções começam na parte sul da foz, na localidade de Regência, e seguem até Povoação, ambas em Linhares. A empresa explicou que as barreiras serão instaladas em pontos estratégicos, às margens do rio, com o objetivo de preservar a fauna e a flora locais.

Segundo a Samarco, as contenções são feitas de lona 100% impermeável e estão sendo fixadas no fundo do rio, próximo às duas margens. A altura da barreira é adaptada de acordo com a profundidade de cada ponto de instalação, para permitir uma melhor contenção. Nesse trecho do Rio Doce, alguns pontos apresentam até 3 metros de profundidade, enquanto outros podem ter apenas 60 centímetros. A previsão da empresa é de que o trabalho, realizado por especialistas contratados pela Samarco, seja concluído nos próximos dias.

Ainda de acordo com a mineradora, as barreiras ficarão instaladas até que a água recupere a qualidade adequada para a fauna e a flora. Além disso, estão sendo realizados em outros pontos testes com floculantes e coagulantes a fim de acelerar a clarificação da água.

A Samarco informou atambém que equipes da empresa seguem dedicadas também aos trabalhos feitos às margens do Rio Doce. Cerca de 40 pessoas, entre especialistas em animais aquáticos e pescadores, estão próximos às regiões de Linhares e Regência para o resgate emergencial dos peixes e crustáceos da bacia.

Segundo a mineradora, em Linhares as espécies resgatadas estão sendo levadas para tanques do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e, em Regência, para tanques do projeto Tamar. Essa ação tem como objetivo contribuir para que seja feito um banco genético de espécies que vive no Rio Doce para que, no futuro, elas sejam devolvidas. Além disso, os especialistas estão recolhendo amostras de peixes e da água, antes e depois da passagem da pluma, em toda extensão do Rio Doce para análises.

Abastecimento

Rio Doce em Colatina recebeu a lama de minério proveniente das barragens de Mariana-MG Foto: Divulgação/Governo

Com a chegada da lama de minério a Colatina, a captação da água do Rio Doce no município foi interrompida desde a madrugada de quarta-feira. Desde então, o abastecimento tem sido feito a partir do auxílio de caminhões-pipa, escavações de poços, distribuição de água mineral e potável, entre outras alternativas. Apesar do esforço em evitar que a população fique desassistida, muitos moradores de Colatina continuam sem água.

No entanto, há uma expectativa no município de melhora no abastecimento, a partir da utilização de um produto para tratar a água barrenta do Rio Doce. De acordo com a Prefeitura de Colatina, técnicos do Sanear começaram, na tarde desta quinta-feira, os testes com o produto, extraído da casca da acácia negra, para saber se a água poderá ser disponibilizada para consumo.

Ainda segundo a prefeitura, a expectativa é de que os testes, que estão sendo realizados na estação de tratamento localizada dentro do campus do Ifes de Itapina, se estendam durante a madrugada e que um resultado já seja conhecido na manhã desta sexta-feira. Dependendo do resultado dos testes, o produto já poderá ser utilizado no tratamento da água, que poderá ser usada para abastecer a população.