Samarco é intimada pelo Iema e terá que fornecer água potável para a população
A determinação é para que a empresa promova todo o apoio necessário aos municípios e aos cidadãos capixabas que forem atingidos pela onda de lama
O Instituto Estatual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) intimou a empresa Samarco em função dos impactos ambientais e socioeconômicos causados no Espírito Santo pela lama de rejeitos que atingiu o Rio Doce.
A determinação é para que a empresa promova todo o apoio necessário aos municípios e aos cidadãos capixabas que forem atingidos pela onda de lama e realize ações que minimizem os impactos ambientais decorrentes da impossibilidade do tratamento de água nos locais afetados, assim como pelo comprometimento de outros usos que são feitos do Rio Doce, como agricultura e pesca, por exemplo.
Conforme a intimação do Iema, imediamente, a Samarco deve distribuir água potável para consumo humano e dessedentação animal; monitorar a qualidade da água do Rio Doce e também do mar a ser atingido pela lama para verificar a presença de contaminantes e identificá-los;
A empresa terá ainda que disponibilizar aeronave para sobrevoo dos profissionais envolvidos nas ações preventivas e de mitigação da onda de rejeitos e uma equipe multidisciplinar para monitorar os impactos na fauna, flora, água e para as pessoas, emitindo laudos técnicos para o Iema com informações que ajudem a minimizar os impactos, inclusive, com avaliações de cenários futuros.
Após a passagem dos rejeitos, a empresa deve providenciar também a limpeza de toda a área afetada pela lama, enquanto for verificada a presença de poluente. O Iema determina que a empresa apresente um Plano de Monitoramento da persistência dos poluentes nos meios atingidos em até 120 dias, assim como um Plano de Reparação Inicial dos danos no prazo de 30 dias.
Em seu site, a Samarco informa que até esta segunda-feira (9), 158 famílias, representando 607 pessoas, já foram alocadas em hotéis e pousadas da região e ressalta que estão disponíveis sete helicópteros para o resgate. Também já foram entregues 600 kits de emergência, compostos por colchão, lençóis, toalhas, cobertores e matérias de higiene pessoal. Além de 3800 lanches e refeições disponibilizados e 10 mil garrafas de água entregues.
Comitê de ajuda
O governo do Espírito Santo montou um comitê de emergência para garantir o abastecimento de água para a população das cidades de Colatina, Baixo Guandu e Linhares, municípios que devem ser atingidos pela lama com rejeitos de minério da Samarco. Uma obra na foz do Rio Doce já foi iniciada para amenizar os impactos.
Atraso
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) divulgou às 14 horas desta segunda-feira (9), uma nova previsão para a chegada da “onda” de lama nos municípios capixabas. De acordo com o documento divulgado, a lama deve chegar ao município de Baixo Guandu na madrugada de terça-feira (10). Em Colatina, a lama pode chegar durante o dia de terça-feira. Já em Linhares, último município a ser atingido, a mancha de lama deve chegar durante o dia de quarta-feira (11).
O caso
Uma barragem de rejeito da empresa de mineração Samarco se rompeu na tarde desta quinta-feira (05), entre os municípios de Mariana e Ouro Preto, a cerca de 110 quilômetros de Belo Horizonte. A barragem de rejeito é uma estrutura para armazenar resíduos da mineração. Pelo menos 128 residências foram atingidas pela onda de lama e dejetos na cidade.
Na manhã da última sexta-feira (06), moradores da cidade de Rio Doce, na Zona da Mata, foram surpreendidos pelo avanço dos rejeitos de minério de ferro no leito do rio. Ainda na sexta-feira, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou alerta para os municípios de Colatina, Linhares e Baixo Guandu, localizados às margens do Rio Doce no Espírito Santo.