Capixaba mostra olhar brasileiro sobre catedrais góticas
Luciano Xavier dos Santos nasceu em Linhares e atualmente mora em Friburgo, Suíça. O capixaba se dedica a exposições de maquetes artesanais
O talento de um capixaba com as mãos impressiona muitas pessoas pelo mundo. Luciano Xavier dos Santos, 33 anos, está fazendo sucesso pelas exposições de maquetes na Suíça. O artista, nascido em Linhares, sempre se encantou pela arte e trabalha atualmente com confecção de maquetes de catedrais góticas.
O artista propõe um olhar brasileiro sobre a arquitetura das catedrais góticas com uma visão tridimensional e com riqueza histórica nas maquetes. Luciano mora em Friburgo, na Suíça, há três anos e para ele, a mudança foi para viver uma linda história de amor.
A prática artística sempre fez parte do universo do capixaba e em uma conversa com Luciano ele contou detalhes sobre a trajetória e o mercado de maquetes artesanais.
- Como surgiu o interesse pela arte?
Aos 14 anos, quando eu ainda morava em Linhares, comecei a esboçar meus primeiros desenhos artísticos e a fazer minhas primeiras maquetes com materiais reciclados (caixas de papelão, embalagens, etc.). Lembro que minha mãe sempre desenhava e acho que isso foi determinante para o desenvolvimento de minha "veia artística".
- Quais formações foram importantes para a sua carreira?
Em 2003, eu deixei Linhares para ir estudar em Vitória. Ingressei no curso Técnico em Edificações do IFES e em 2005 realizei minha primeira exposição de maquetes na Biblioteca Nilo Peçanha do IFES que se chamava "Arranha-céus". A exposição teve uma boa repercussão e o diretor-geral do IFES na época, Jadir José Pella, me convidou para fazer uma maquete da instituição. A maquete continua ainda exposta na entrada principal do IFES.
Em 2006, ingressei no curso de Artes Visuais da UFES e durante as aulas da disciplina "História da arte", eu descobri a arquitetura medieval, especialmente a arquitetura gótica, da qual eu me tornei um grande entusiasta.
- Conte um pouco sobre o processo de produção das maquetes.
Tudo começa por uma pesquisa histórica bem aprofundada. Em seguida, reúno todas as informações técnicas sobre o monumento e faço a conversão das suas dimensões reais para a escala em que vou trabalhar. No caso da nova exposição, todas as maquetes são produzidas na mesma escala de 1/200.
Sou conhecido como "artista-historiador" aqui na Europa, porque toda a produção minha arte é baseada num conteúdo histórico e extremamente documentado.
- Quais são os tipos de materiais necessários para montagem das maquetes?
A fabricação da estrutura da maquete é feita com papel cartão. A decoração é feita com madeira (palitos de dente, palitos de fósforo e espetinhos) e o acabamento com tinta acrílica.
- Você imaginava um dia ver suas obras em uma exposição fora do Brasil?
Claro que não! Minha infância modesta em Linhares não me proporcionava muitas expectativas para o futuro. Com muita força de vontade e com reais oportunidades, pude enfim realizar meu sonho de expor pelo mundo.
- Como foi sua mudança para a França?
Foi em 2010. Queria muito conhecer a Europa e já era apaixonado pelo arquitetura gótica, que surgiu justamente na França. Gosto muito da cultura francesa em geral. Em alguns meses morando lá comecei a falar francês e várias oportunidades foram aparecendo. Trabalhava em escritórios de arquitetura como desenhista e maquetista.
-Há quanto tempo você mora na Suíça?
Desde 2014, pois queria viver um linda história de amor.
- Como você percebe o apoio dos capixabas e da família?
Os meus conterrâneos são muito carinhosos e torcem muito por mim. Toda esta energia positiva chega até a mim e me contagia de alegria. Assim como o amor e apoio da minha família e amigos. Isso é fundamental!
- Quais são suas expectativas/objetivos para o futuro?
A exposição de maquetes "GÓTICO - O tempo das grandes catedrais" vai ocorrer de 1 a 10 de dezembro na Catedral de São Nicolau aqui de Friburgo, na Suíça, e vai seguir por uma turnê mundial em 2018.
Atualmente, estou em negociação com o Museu de Arte Sacra do Estado de São Paulo e se tudo der certo vou levar a exposição também ao Brasil. Talvez este seja meu objetivo para o futuro, levar um pouco da minha arte aos tupiniquins.