*Artigo escrito por Giovana Gava Camiletti, especialista em Empreendedorismo Feminino e professora da Unidade de Gestão e Negócios da Faesa Centro Universitário, além de pesquisadora de políticas e práticas de gestão voltadas para mulheres.
Por muito tempo, o protagonismo masculino no mundo dos negócios foi reconhecidamente a única narrativa. No entanto, o século XXI apresenta-se como um contexto que vem sendo marcado por reconfigurações, sobretudo, nos novos negócios.
É nesse cenário que se destaca o crescimento do empreendedorismo feminino, um movimento que fortalece a economia e impulsiona mudanças sociais e culturais. Mais do que em qualquer outro momento histórico, o protagonismo feminino é crescente no mercado como uma realidade inspiradora e transformadora.
Muitas mulheres, antes restritas a papéis secundários no mundo corporativo, agora protagonizam histórias de inovação, liderança e resiliência, rompendo com a ideia de que esses espaços pertencem a monopólios inatingíveis.
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Apesar do progresso, do cenário favorável e de todos os indicadores positivos, mulheres empreendedoras enfrentam desafios que vão do acesso ao crédito e investimentos até os estereótipos de gênero que ainda influenciam a maneira como o mercado as percebem, por exemplo, como uma liderança com menor credibilidade do que os homens em sua capacidade de iniciar um negócio e maior tendência em focar suas ofertas comerciais para os mercados locais.
Existem também os desafios de ordem socioculturais do universo feminino em geral, como as dificuldades de conciliação entre vida pessoal e profissional, a sobrecarga de responsabilidades, o acúmulo de múltiplas funções e a necessidade de se dividirem entre o trabalho e as tarefas domésticas.
Contudo se antes a mulher era vista como coadjuvante no universo empreendedor, hoje ela vem assumindo o papel principal e não aceita menos do que merece.
De acordo com a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), entre os 47,7 milhões de brasileiros com intenção de empreender até 2026, 54,6% são mulheres.
Além disso, um estudo do Sebrae aponta que em 2024, dentre os 30 milhões de empreendedores no Brasil, mais de 10 milhões eram mulheres.
O empreendedorismo feminino não beneficia apenas as mulheres que lideram seus negócios, na busca por liberdade econômica e concretização de sonhos, mas também gera impactos positivos na sociedade.
De acordo com o Sebrae, empresas fundadas por mulheres tendem a investir mais em suas comunidades, promovendo o desenvolvimento local e gerando empregos.
Caminhos para o futuro
As redes de apoio, o fortalecimento da sororidade e a crescente presença de mulheres em cargos de liderança têm sido essenciais para abrir novas portas e garantir que o caminho para o empreendedorismo feminino seja cada vez mais acessível, sobretudo para as próximas gerações.
Contudo, para que mais mulheres possam entrar e se fortalecer nesse universo, é fundamental que existam políticas públicas e iniciativas privadas concisas, voltadas para capacitação, oferta de programas de mentoria, financiamentos e incentivos fiscais.
Uma iniciativa nesse sentido é o projeto de consultoria orientada desenvolvido na Unidade de Gestão e Negócios da Faesa Centro Universitário.
Os dados desse projeto apontam que, dentre as empresas que passam pelo processo de orientação para seus negócios, a maioria resulta do empreendedorismo feminino. Em geral, são mulheres que empreenderam por necessidade e buscam, com a consultoria, auxílio para estruturar e acelerar os seus negócios.
É fato que o mercado corporativo sempre foi uma fortaleza masculina, onde decisões são tomadas em espaços ocupados quase exclusivamente por homens.
Mas a nova geração de empreendedoras e líderes empresariais vem desafiando padrões, buscando romper essas barreiras invisíveis com competência e visão estratégica, provando que liderança não tem gênero. Não são apenas mulheres ocupando espaços. São elas provando que o futuro dos negócios pode ser diverso e sem limites.