ACORDO FECHADO. Governo chega a acerto com entidades de militares para fim da paralisação
O questionamento feito por parte de familiares e amigos de policiais militares é de que nenhuma das mulheres que participou de reuniões anteriores esteve presente no acerto
O Governo do Estado chegou a um acordo para o fim da manifestação dos familiares que acarretou na paralisação da Polícia Militar. O acordo foi fechado na noite desta sexta-feira (10).
Na reunião estiveram presentes pelo menos seis entidades representativas de militares estaduais. O Governo do Estado prometeu, em documento assinado na reunião entre as partes, não impetrar punições administrativas disciplinares aos militares que voltarem às escalas de serviço a partir das 7h deste sábado (11).
O questionamento feito por parte de familiares e amigos de policiais militares é de que nenhuma das mulheres que participou de reuniões anteriores esteve presente no acerto. Desta forma, por volta das 21h, grupos de manifestantes continuavam em frente a batalhões no Espírito Santo.
O movimento até hoje
Na última quinta-feira (9) uma reunião entre representantes do governo e as mulheres que representam o movimento de paralisação dos policiais militares foi realizada, porém, após mais de 10 horas de duração, terminou sem um acordo entre as partes.
Os representantes das manifestantes e das associações que representam os policiais militares foram recebidos pelo comitê permanente de negociação do governo, formado pelos secretários da Fazenda, Paulo Roberto Ferreira; de Controle e Transparência, Eugênio Ricas; de Direitos Humanos, Júlio César Pompeu; e da Casa Civil, José Carlos da Fonseca Júnior.
Essa foi a segunda rodada de negociações, depois que o Governo do Estado instituiu o comitê de negociação. A primeira foi na noite de quarta-feira (08) e durou cerca de três horas.
Crise na segurança
A crise na segurança pública durou seis dias e o assunto foi destaque internacional. As vias de acesso dos batalhões capixabas foram fechadas pelas famílias e amigos dos militares, o que levou à paralisação total dos policiais. O resultado foi muita insegurança, arrombamento, saques, assaltos e centenas de mortes em todo Espírito Santo.
As manifestações começaram na sexta-feira (3), quando parentes de policiais militares se reuniram em frente ao 6º Batalhão, na Serra, e bloquearam a saída de viaturas. Dentre as reivindicações, estavam reajuste salarial e o pagamento de auxílio-alimentação, periculosidade, insalubridade e adicional noturno aos policiais.
Governo em exercício
Durante as manifestações, quem assumiu o comando do Governo do Estado foi o vice-governador César Colnago (PSDB). Paulo Hartung se ausentou no primeiro dia de paralisação da PM para tratar de um tumor na bexiga.
O governador ficou no hospital Sírio Libânes até a última terça-feira (7), quando retornou ao estado e continuou de licença.
Mais de 100 mortes no Espírito Santo
Já são mais de 100 assassinatos contabilizados em todo o Espírito Santo em seis dias de paralisação dos policiais militares, de acordo com o Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Estado do Espírito Santo (Sindipol/ES).
Segundo o presidente do sindicato, Jorge Emílio Leal, os números exatos pararam de ser atualizados.
Crise na Polícia Civil
Na quarta-feira (8), policiais civis fizeram um protesto manifestando pesar à morte do investigador, Mário Marcelo Albuquerque, que foi vítima de um disparo no abdômen ao tentar evitar um assalto no município de Colatina.
Assim como a Polícia Militar, a categoria reivindica por melhores condições de trabalho, reajuste salarial, dentre outras.
Forças Armadas e Força Nacional
Uma ordem verbal feita pelo presidente Michel Temer ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, pediu o envio de cerca de 800 a 850 militares do Exército Brasileiro, do Rio de Janeiro, para se juntar aos 200 militares que atuarão no Espírito Santo para retomada da segurança no Estado.
De acordo com o Ministério da Defesa, mil homens das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e 200 da Força Nacional foram empregados na Garantia da Lei e da Ordem, na última segunda-feira (06), no Espírito Santo, principalmente, na Grande Vitória.
Sem ônibus
Foram poucos os dias em que os coletivos conseguiram circular na Grande Vitória. Na manhã de quinta-feira, o presidente do Sindicato de Guarapari, Wallace Belmiro Fornaciari, de 49 anos, foi morto a tiros a caminho do serviço, no bairro Alvorada, em Vila Velha.
Por conta do assassinato, o presidente do Sindicato dos Rodoviários da Grande Vitória, Edson Bastos, decidiu retirar os ônibus das ruas e retornar para as garagens. De acordo com ele, não havia a segurança suficiente como prometido pelo Governo e os rodoviários estavam sendo ameaçados por suspeitos armados nas ruas.