PM atirou para defender segurança, diz dono de casa noturna em Vila Velha
O dono da casa noturna onde aconteceu a confusão que baleou e matou o taxista Charles Dias da Conceição, de 28 anos, no último sábado (03), disse que o policial reagiu após suspeitar que a segurança do local tivesse sido baleada.
Segundo o proprietário Alexander Pereira, após a entrada do policial armado algumas medidas foram tomadas pela casa noturna. “Eu tenho muito a lamentar pelo ocorrido, eu lamento pelo taxista e pela família dele, foi um caso muito triste. Nós temos algumas precauções: quando o policial chega, se identifica e diz que está armado, ele escreve em um termo de cautela, em uma folha, onde está lotado, que tipo de armamento ele tem. Nós também pegamos uma cópia do seu documento militar, que fica anexada a essa folha. A arma fica o tempo todo com o policial”, explica.
De acordo com o dono da casa noturna, após ouvir os barulhos no portão, provocados por chutes de um rapaz, o policial, que estava de folga, suspeitou que a segurança do local tivesse sido baleada. “Na realidade, o que o policial interpretou naquele momento, por causa do barulho, foi de que a menina havia sido baleada, já que estava caída com sangue no rosto. Nesse momento, o policial achou que havia uma pessoa armada do lado de fora, que estava atirando para dentro da casa noturna”, relata.
Segundo Alexander Pereira, algumas medidas poderiam ser tomadas para evitar os tiros e a morte do taxista Charles. “Deveria ser proibida a entrada de um policial armado na casa noturna, já que ele está no momento de lazer. Os policiais vão para uma casa dessas para beber, para se divertir, e se acontece uma confusão, o policial já parte desse princípio de que está armado e tudo pode acontecer”, afirma.
Entenda o caso
No último sábado (03), o taxista Charles Dias da Conceição, de 28 anos, estava trabalhando e parado em frente a um cerimonial no bairro Parque das Gaivotas, em Vila Velha.
Segundo testemunhas, uma segurança teria sido agredida por um homem que havia sido expulso da festa que acontecia no local. O rapaz chutou o portão e agrediu algumas pessoas. Um policial, que estava de folga, atirou para assustar o agressor.
Charles, que não tinha envolvimento com a confusão, acabou sendo atingido por um dos tiros. O taxista morreu na manhã desta segunda-feira (05).
Secretário se reúne com família de taxista
No final da manhã desta segunda-feira (05), o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, se reuniu com os familiares do taxista baleado. No encontro, Garcia explicou as medidas adotadas tanto pela Polícia Civil, quanto pela Polícia Militar em relação ao assunto.
Ele disse ainda, que a arma do policial Anthony Jullius da Costa, suspeito de efetuar os disparos já foi recolhida. De acordo com o secretário, durante a conversa, a família do taxista mostrou-se tranquila. “O objetivo agora é definir a autoria do crime e adotar as medidas legais necessárias. Estamos tratando de um homicídio”, explicou o secretário.
Anthony apresentou à Corregedoria da Polícia Militar no último domingo (04). Ele prestou depoimento e foi liberado.
Por meio de nota, a Corregedoria informou que toda a documentação e a arma do policial serão encaminhadas, ainda nesta segunda-feira, à Delegacia e Homicídios e Proteção à Pessoa, e que também será aberto um processo administrativo para apurar o caso. O soldado pertence ao 6º Batalhão da Polícia Militar, e ainda está em liberdade.