Polícia

"Não quero vingança, quero punição e arrependimento", diz mãe da menina Alice

Amanda Almeida revelou que espera esclarecimentos por parte da Justiça. Segundo ela, o inquérito foi concluído, mas algumas perguntas permanecem sem resposta

Redação Folha Vitória

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Foto: Reprodução Facebook

Amanda Guedes da Silva Almeida, mãe da menina Alice, assassinada por uma bala perdida em Vila Velha em fevereiro de 2020, afirma não querer vingança, mas que os envolvidos na morte da filha sejam punidos e se arrependam do crime. 

A mãe de Alice comentou a prisão de Isaias Themoteo Leão, de 25 anos, preso em Búzios, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (11). Ele foi o último acusado preso por participação na morte da menina. 

"Da condenação, eu espero justiça. E dos acusados eu espero arrependimento, daqueles que corroem a alma e não os deixe dormir. Não tenho desejo nenhum de vingança, mas de justiça, acho que todos devem pagar pelo que fizeram", disse. 

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Amanda revelou ainda que espera alguns esclarecimentos por parte da Justiça, segundo ela, o inquérito foi concluído mas algumas perguntas permanecem sem resposta. Inclusive, o maior questionamento de todos, o de quem atirou em Alice. 

"Quem atirou, e quem realmente estava no carro no momento dos disparos? Há pessoas que nos disseram depois que havia outros no momento do crime,  então gostaria que investigasse mais a fundo", afirmou. 

Seguindo em frente com um vazio

Atualmente, Amanda mora em Portugal com o marido Giovany, a mãe e o pequeno Emanuel, segundo filho do casal. Ela descobriu a gravidez pouco tempo depois da tragédia com Alice. 

A mudança foi uma tentativa de mudança de ares, de recomeço e reconexão com ela mesma, como definiu. Mas ela não esconde a saudade da família e a vontade de um dia retornar ao Brasil.

Segundo ela, a família segue em frente, mas Alice ainda é presença constante nas conversas da família e como ela própria define, insubstituível e inesquecível. 

"A família segue a vida, temos todos que seguir. Mas todos carregam um buraco enorme , uma saudade que dilacera a alma, dói e dói muito. A Lili sempre está nas nossas conversas, lembranças, e tatuada em nossos corações . É a nossa eterna bonequinha de porcelana, um anjo que marcou a todos que conheceram e viveram com ela. Inesquecível, insubstituível", declarou. 

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Falar sobre o segundo filho, Emanoel, também emociona Amanda, que enxerga no pequeno uma força para seguir em frente e continuar vivendo ao lado da família. 

"Falar do Emanuel sempre me faz chorar. Só quem é mãe de um filho que vem após a perda de outro filho sabe, o amor é algo inexplicável, é diferente. Emanuel é o meu conforto, o meu sorriso, minha alegria, e olhar pra ele todos os dias o sentimento que eu tenho é gratidão". 

Violência contra crianças no Brasil ainda choca

Mesmo de longe, Amanda mantém atenção ao Brasil e se diz alarmada com o número de crianças vítimas de balas perdidas e, principalmente, com a violência nas escolas que tem crescido nos últimos anos. 

Ela afirma que a solução passa pelo investimento em educação e segurança, principalmente nas escolas e em bairros de periferia.

"Tenho ficado bastante chocada como o número de mortes de crianças vítimas de bala perdida no Brasil aumentou. Depois da minha filha, vi muitas notícias. Acho que deveriam priorizar a segurança nos bairros pequenos de periferia, onde mais tem tráfico de drogas. Sem falar nas escolas, deveriam investir em mais segurança no Brasil", disse. 

Tiroteio motivado por disputa de traficantes

Segundo investigação da polícia capixaba, Alice morreu durante uma troca de tiros entre criminosos que disputam o controle de dois pontos de venda de drogas do bairro.

A investigação apontou que o tráfico de drogas da região era controlado por Rafael Proveti Nascimento, que foi preso. A mulher dele, Ana Paula Dias Ferreira, passou a coordenar o crime no local, segundo a polícia, e foi presa em abril de 2020. Mesmo assim, as ordens partiam de Rafael de dentro da prisão.

Além deles, a Polícia Civil identificou Thiago Martins de Souza e um adolescente de 15 anos como os atiradores.

Jhonatan Henrique Barbosa, conhecido como "Jhonatan Capeta", era o segurança do ponto de venda de drogas e Willian Nascimento Lacerda era o motorista no dia do crime.

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