Polícia

Delegado Danilo Bahiense encerra depoimento e diz que morte de juiz foi encomendada

Durante o depoimento, o delegado afirmou que ficou sabendo da morte do juiz em casa. Segundo ele, desde antes do crime, já ouvia falar os nomes de Ferreira e Calú

De acordo com o delegado, o depoimento foi tranquilo Foto: Divulgação/Assembleia

Após quase três horas, o delegado Danilo Bahiense finalizou seu depoimento no segundo dia do júri do caso Alexandre Martins. Estão sendo julgados o coronel da reserva da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira, e o ex-policial civil e empresário, Cláudio Luiz Andrade Baptista,o Calú, acusados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, em 2003. 

Danilo Bahiense, segunda testemunha convocada pelo MPES, era titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória na época do crime. Durante o depoimento, o delegado afirmou que ficou sabendo da morte do juiz em casa. Segundo ele, desde antes do crime, já ouvia falar os nomes de Ferreira e Calu, ambos relacionados à crimes de extorsão. 

De acordo com o delegado, o depoimento foi tranquilo. Para ele, não resta dúvida de que o crime foi de mando. “Não tenho dúvidas. Não foi latrocínio, foi crime de mando mesmo. Durante o depoimento só respondi o que me perguntaram. Sei de outras coisas, mas só puder responder o que me perguntaram”, afirmou. 

Após ficar quase dois dias confinado em um hotel, Bahiense afirmou que a situação foi uma experiência inédita em sua vida. “Durante toda a minha vida, essa foi a primeira vez que fui preso. Fiquei incomunicável. Prestei depoimento e agora estou livre. Vou voltar para delegacia agora mesmo e trabalhar”, disse. 

Com o fim do depoimento do delegado, a expectativa é de que as testemunhas de defesa prestem depoimento. Além das testemunhas, os réus também podem ser interrogados. Após o ato, será iniciado um debate entre defesa e a acusação. A absolvição ou condenação é feita individualmente. 

Relembre o primeiro dia
No primeiro dia do júri, o magistrado Carlos Eduardo Lemos foi ouvido pelo Conselho de Sentença. Colega de trabalho do juiz Alexandre Martins na Central de Inquéritos e na 5ª Vara Criminal de Vitória, o juiz Carlos Eduardo Lemos foi arrolado como testemunha pelo MPES, mas como já havia participado dos processos dos executores do crime, o juiz responsável pelo Júri, Marcelo Soares Cunha, deferiu a participação de Carlos Eduardo na condição de informante. O depoimento do juiz Carlos Eduardo Lemos começou por volta das 16h25 e se encerrou após às 21 horas. Ele prestou esclarecimentos ao presidente do Júri, aos advogados e aos promotores. Em seu testemunho, o magistrado relatou os fatos acontecidos na época do crime, março de 2003.

O crime
Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado na porta de uma academia de ginástica em Itapoã, Vila Velha, no dia 24 de março de 2003. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo. Os acusados de serem executores do crime - Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza - foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o "Cabeção"; André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito"; e Leandro Celestino dos Santos, o "Pardal". 

Durante todos esses anos, o processo se arrastou nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes foram considerados impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes - ou réu ou vítima - e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.