Polícia

Assédio no ônibus e carro de aplicativo: 5 dicas para prevenir crime

Embora seja muito importante acionar os órgãos competentes, existem atitudes que podem ser tomadas pelas próprias vítimas para evitar situações ainda piores

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
Foto: charnsitr/depositphotos

Após repercussão do caso em que o motorista de aplicativo, Adriano Osório de Alcântara Tristão, se masturbou durante uma corrida, a reportagem do Folha Vitória ouviu especialistas em Segurança Pública para explicar as formas mais comuns de assédio em transportes, e como as vítimas podem ficar atentas e se precaver de situações assim.

Para o professor universitário, mestre em Segurança Pública com ênfase em psicologia da moralidade e cultura policial, Rusley Hilário Medeiros Miorim, a principal forma de pedir ajuda é de fato acionando os órgãos de segurança. Mas há medidas que a própria vítima pode tomar.

“Devemos alertar as mulheres, principais vítimas, de que contatos físicos não são bem vindos e de que devem ser rechaçados de todas as formas. Então, quando for transitar por um coletivo, - embora quando esteja lotado se torne uma situação quase impossível - deve-se colocar em locais em que a passagem de uma pessoa não gere um contato tão próximo e delicado”, disse sobre o caso dos ônibus.

Para ele, outra forma de se precaver, quando a vítima em potencial estiver sentada, ao verificar que o indivíduo está começando a encostar, é levantar e acionar a polícia ou a guarda. “É o caso de perceber que está colocando perna com perna, conversar e colocar a mão. Primeiro, a vítima deve avisar de que não aceita isso. Se for necessário, deve se levantar do assento e trocar de lugar”, acrescentou.

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“Embora não tenhamos como configurar o primeiro contato como assédio ou importunação, já fica o alerta para que mais nada venha a acontecer. Mas, uma vez acontecendo, a mulher que não percebeu que o contato estava progredindo ou que era por educação, deve ligar para a polícia ou para a guarda para que o indivíduo seja detido e encaminhado à delegacia. A vítima também deve registrar a ocorrência”, disse.

Vitória e outras cidades no Estado, ao exemplo de outros municípios no Brasil, poderia adotar medidas, segundo Miorim, como criar espaços nos ônibus destinados apenas às mulheres.

Que postura corporal adotar?

Para o advogado, pós em gestão pública e presidente do Conselho de Segurança Pública Urbana do município de Vitória, Aylton Dadalto, ressalta-se que, nos transportes públicos, acabam sendo comuns as chamadas “encoxadas” ou mesmo cantadas de baixo calão.

“O ideal é estar de frente ou de lado, com os cotovelos abertos para não deixar alguém se aproximar. Caso ocorra algo mais grave, chame alguém, fale alto e em bom tom que está sendo assediado, além de denunciar nos canais de comunicação”, explicou o jurista.

Casos no transporte por aplicativo

Também para Rusley Hilário, mestre em Segurança Pública, é comum que condutores de transporte por aplicativo tentem a tática de colocar a mão para conversar. Neste caso, é importante evitar sentar na frente do veículo. “Quando senta atrás, alguns vão tocando como se tivesse fazendo um contato casual, sendo um primeiro indício de que isso pode evoluir para uma situação mais delicada”, disse.

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Nos casos específicos que ocorrem em transportes por aplicativo, Aylton Dadalto, presidente do Conselho de Segurança Pública Urbana de Vitória, comentou que as situações desagradáveis costumam ter início com piadas de mau gosto, frases pejorativas, ou olhadas e atitudes suspeitas. Algumas dicas úteis:

1 - Busque sentar no banco traseiro, do lado oposto ao do motorista, para conseguir ver as ações e ficar mais perto de sair do carro caso o condutor parta para um outro tipo de assédio/agressão;
2 - Sempre responder, caso entenda que seja assédio, mesmo que seja velado, de forma séria e objetiva.
3 - Sempre que pegar um transporte, mande a localização para alguém de confiança, que te acompanhe.
4 - Também ative o GPS e acompanhe o trajeto, para ter certeza que está no caminho certo.
5 - Se possível, ligue para alguém falando que está indo encontrá-lo, para o motorista saber que não está desamparada.

"É uma das piores violências que a mulher pode sofrer", diz delegada

A delegada Cláudia Dematté, titular da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher (DIV-Deam), lamentou os crimes contra a dignidade sexual que vêm acontecendo, em especial no Espírito Santo.

"Infelizmente, no mundo, no Brasil e no Espírito Santo, até hoje, mulheres são vítimas de crimes contra a dignidade sexual, seja por um crime de estupro ou importunação sexual e outros demais crimes que atentam contra a liberdade e o corpo da mulher. É estarrecedor vermos que mulheres, ao realizarem atividades cotidianas, como tomar uma condução para se dirigir aos trabalhos, e serem violentadas por homens passando a mão sem autorização delas, ou se masturbando e ejaculando sobre elas no coletivo enquanto vão trabalhar”, declarou.

Para Dematté, o crime contra a dignidade sexual da mulher é uma das piores violências que uma mulher pode sofrer, pois ela tem o corpo e a dignidade violentados. 

"Infelizmente isso ainda é fruto de um machismo estruturante ou estruturado na sociedade, onde homens objetificam o corpo da mulher. Só que isso é um crime inaceitável e inadmissível. O homem que atenta sobre a dignidade sexual da mulher deve ser punido com todo rigor", completou.

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