Acusado de injúria racial, técnico da Desportiva é liberado da delegacia após pagar fiança
O técnico foi parar na delegacia após a partida entre a Desportiva Ferroviária e o Atlético-ES, pela 6ª rodada da Copa ES; Vevé foi acusado de chamar o goleiro de "macaco"
O técnico da Desportiva Ferroviária, Vevé, acusado de cometer injúria racial durante o jogo da Tiva contra o Atlético-ES, na tarde do último sábado (13), foi liberado da 9ª Delegacia Regional de Itapemirim na madrugada deste domingo (14).
De acordo com a assessoria da Desportiva Ferroviária, Vevé foi liberado por volta das 00h02, mediante o pagamento da fiança, mas continua respondendo pelo processo.
A Desportiva Ferroviária irá se pronunciar em breve sobre o caso.
Entenda o caso
Após um jogo pegado neste sábado (13), o técnico da Desportiva Ferroviária, Vevé, juntamente com o maqueiro e o goleiro da equipe do Atlético-ES foram encaminhados para a 9ª Delegacia Regional, de Itapemirim. O técnico é suspeito de injúria racial.
Segundo informações de testemunhas, a confusão teria iniciado primeiramente com o maqueiro da equipe alvinegra, que diz ter sido chamado de “macaco” pelo técnico da Tiva. Logo após, em uma reposição de bola do goleiro do Atlético-ES, o técnico Grená reclamou da demora no lance, e após uma discussão com o jogador, foi acusado pelo goleiro por chamá-lo de macaco.
O técnico Vevé, o maqueiro e o goleiro do Atlético-ES prestaram depoimento na 9ª Delegacia Regional, em Itapemirim, por volta das 19 horas.
Sobre o caso, a assessoria da Desportiva Ferroviária afirmou que só vai se pronunciar neste domingo (14).
Aranha
A confusão no futebol capixaba aconteceu 15 dias após o caso de racismo que mais repercutiu no Brasil. No último dia 28 de agosto, no final da partida contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, o goleiro santista Aranha foi alvo de um episódio lamentável para o futebol brasileiro. O goleiro sofreu insultos racistas de um grupo de torcedores na reta final da vitória por 2 a 0 sobre o time gaúcho, em Porto Alegre, e saiu de campo indignado.
Crime
De acordo com o delegado Lauro Coimbra, o crime de injúria racial é o que acontece com mais frequência. A pena pode ser de um a três anos de reclusão, dependendo do caso. Segundo ele, os casos que chegam até a polícia são poucos, pois muitas pessoas sofrem o preconceito e não denunciam. “As vítimas acabam não registrando o crime e isso pode se tornar frequente”, destaca.
Injúria racial
A injúria racial, tipificada no artigo 140 do Código Penal Brasileiro, é uma ofensa à honra de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. Foi o que explicou a professora de direito da FDV, Elda Bussinguer. “A vítima é ofendida em razão da raça, cor, etnia, religião ou origem. É menos grave que o racismo, mas também é um crime”, afirmou.
A professora destacou ainda que, mais grave que a injúria, o crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, é quando alguém é impedido de ter acesso a algum direito. O crime é imprescritível e inafiançável.