Violência contra comunidade LGBTQIA+ aumentou mais de 300% em 5 anos no ES
De acordo com o anuário, em 2018 os casos de violência contra essa comunidade foram 1.442, número que inflou para 6.087 no ano passado
Os casos de violência contra vítimas LGBTQIA+ no Espírito Santo aumentaram 322,12% em um período de cinco anos no Espírito Santo. Os números são do Anuário Estadual de Segurança Pública, publicado nesta quarta-feira (25).
De acordo com o anuário, em 2018 os casos de violência contra essa comunidade foram 1.442, número que inflou para 6.087 no ano passado. Em 2022 foram registradas 5458 ocorrências.
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Além disso, os casos de LGBTIfobia, que são crimes de discriminação contra membros da comunidade LGBTQIA+ tiveram um salto de 766,6% no mesmo período, com 3 em 2018 e 26 no ano passado.
Homicídios de pessoas LGBTQIA+
Em relação aos homicídios contra pessoas LGBTQIA+ no Estado, houve redução de 7 para 5 casos de 2022 para 2023, o que representa a diminuição de 28,5% no período de um ano.
Durante o período de 2018 a 2022 as vítimas eram classificadas apenas como "LGBT", o que dificultava a análise adequada de vitimização de pessoas dessa comunidade, segundo a Sesp.
"Observa-se que a partir de maio de 2022 houve uma mudança e as categorias utilizadas na variável orientação sexual das vítimas traz outras classificações para além de um “termo guarda-chuva” genérico LGBTQIA+, dado visibilidade às orientações sexuais e identidades de gênero, e não somente agrupando-as no termo LGBTQIA", informou a Sesp no anuário.
A partir daquele ano foi possível traçar o mapa da violência de forma mais adequada.
O mapa mostrou que durante a série histórica, a proporção de homens cis, aqueles que se identificam com o gênero designado no nascimento, é levemente maior do que o de mulheres cis que sofrem violência.
Neste cenário, os homens representam de 51% a 56% % dos registros por ano, no período considerado. Apesar disso, o número de mulheres cis vitimadas tem aumentado consideravelmente com o passar dos anos.
Em 2018, 812 homens cis vitimados correspondiam a 56,3% dos casos, em paralelo com 571 mulheres cis, 39,6% do total de ocorrências. Já em 2023, homens cis representavam 3.164 casos do total (51,9%) e mulheres correspondiam a2.786 ocorrências (45,7%).
Orientação sexual e idade das vítimas
Na análise de orientação sexual das vítimas, também foi notado que gays e bissexuais são os alvos mais constantes de violência.
Os gays são o grupo que alcançou 2.555 registros das ocorrências em 2023, representando 41,97% do total de casos, frente a 2.184 vítimas bissexuais (35,87%) e 1.348 lésbicas (22,14%).
A partir dos dados disponíveis para 2022, observa-se a seguinte distribuição: 1.506 casos de gays (27,59%), 1.381 de pessoas bissexuais (25,30%) e 794 lésbicas (14,55%) – o restante são as classificadas vítimas “LGBT”, correspondendo a 1.777 casos (32,56%).
A maior parte das vítimas de violência são pessoas com idades entre 18 a 35 anos, sendo a maior incidência entre jovens de 18 a 24 anos de idade, que representam entre 29% a 41% dos casos.
No último ano, o intervalo de 18 a 24 anos registrou 1.784 casos (29,3% do total) e a maioria dos casos ocorreu no intervalo de 18 a 35 anos que contém 4.489 casos (73,7% do total) dos 6.087 totais.
Pessoas pretas e pardas são as maiores vítimas
Os casos de violência tiveram aumento expressivo em meio a todas as etnias durante a série histórica, mas pessoas pretas e pardas são as maiores vítimas dos casos.
Em 2018, foram registrados 751 casos de violência contra pessoas LGBTQIA+ pretas e pardas, número que inflou para 3.469 em 2023, o que representa um aumento de 361,91% em cinco anos. Em 2022 foram registrados 3.047 casos.
Já os casos contra pessoas brancas foram 526 no início da série histórica, contra 2.370 em 2023, um aumento de 350,57%. Já em 2022, foram registrados 2.055 casos.
Os casos contra pessoas amarelas foram 24 em 2018 e aumentaram para 98 em 2023, um aumento de 30,83%. Em 2022 foram registrados 107 ocorrências, o maior número da série histórica.
Em 2018 foram registradas 12 ocorrências contra indígenas, os casos inflaram para 41 em 2023, um aumento de 241, 66%. Em 2022 foram registradas 20 ocorrências.