O discurso fideliza

Estrategicamente, o marketing eleitoral do presidente Jair Bolsonaro tenta manter o
pragmatismo do discurso que o elegeu. Isso caracteriza o vídeo conclamando os aliados
e eleitores para manifestação pró-Governo dia 15 de março. Bolsonaro mantém o tom
patriota contra a ‘velha política’, contra tudo e todos. Isso não traz novos eleitores, mas
fideliza o seu. É o que o presidente e seu staff pretendem, e assim ele mantém a
dianteira para 2022. Bolsonaro sabe que, sem partido nas eleições municipais, corre
sério risco de sair enfraquecido nos Estados no fim do ano. As manifestações populares
serão seu artifício para peitar o jogo partidário atuante em Brasília.

Adversários

Sem candidatos de um partido seu, Bolsonaro pode ver a ascensão do DEM, de Rodrigo
Maia, e dos partidos do Centrão – sua maior dificuldade de acordos no Congresso.

Teores & Teorias

Um tom ufanista exacerbado, um discurso de vitimização desnecessário, e uma
indicação de que é o salvador da Pátria. O vídeo que viralizou tem isso, mas em nenhum
momento cita ataques ao Congresso Nacional e ao STF. A interpretação é livre.

Segue o jogo

O jogo do bicho migrou para apostas esportivas, e os pontos agora têm maquininhas
online para passar cartão e computar as apostas. Com recibos impressos.

Alerta ignorado

Alertas sobre a precariedade na fiscalização nos portos e aeroportos brasileiros foram
ignorados pelo Governo. Um deles, do Sindicato Nacional dos Servidores das Agências
Nacionais de Regulação (Sinagências), foi protocolado no Palácio do Planalto no fim de
janeiro. O ofício endereçado ao presidente Jair Bolsonaro já pedia reforços na
fiscalização sanitária da Anvisa.

Homem só

“Informamos que a situação é gravíssima, no caso do aeroporto de Guarulhos, onde há
apenas um plantonista”, registra o documento no qual o sindicato também cobra “a
realização de concursos públicos para a Anvisa, de forma regional para localidades onde
se encontram portos, aeroportos e fronteiras”.

Lembrete

Nos últimos anos, caíram os investimentos em controle sanitário de portos, aeroportos,
fronteiras e alfândegas. Em 2019, foram R$ 45,8 milhões – pouco mais da metade do
investimento de 2018, de R$ 82,8 milhões.

Cadeado na porteira

Pode ter passado despercebido para a maioria, mas tem gente atenta em Brasília: O
MST parou suas invasões de fazendas desde o começo do ano passado.

Crise

Em meio à crise com o Congresso Nacional, o Planalto tentar conter o movimento das
alas bolsonaristas na Câmara e no Senado que tentam derrubar o MDB das lideranças
do Governo no Congresso e no Senado. Os postos são ocupados, respectivamente, pelos
senadores Eduardo Gomes (MDB-TO) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Teste final

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) é uma das que defende a deposição dos
emedebistas. Mas, pelo menos por ora, Gomes e Bezerra Coelho serão mantidos. A
prova de fogo dos dois será a votação, na próxima semana, do requerimento de
convocação do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto
Heleno – que foi flagrado em áudio criticando a ‘chantagem’ dos congressistas.

Canetada

O presidente Bolsonaro enxugou na canetada (decreto Nº 10.252) a estrutura do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ocupantes de cargos em
comissão e de funções de confiança serão exonerados ou dispensados, conforme o texto
publicado no Diário Oficial dias atrás.

Zero no caixa

Pelo decreto, que entra em vigor no dia 9 de março, o pessoal do campo vai ficar
desassistido de verba federal. Serão extintos programas que atendem assentados da
reforma agrária, comunidades extrativistas e quilombolas, como o Programa Nacional
de Educação na Reforma Agrária (Pronera), bandeira dos Governos do PT.

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