Depois de resistir por 11 dias, com o apoio da sociedade, os manifestantes que haviam ocupado a Assmbléia Legislativa deixaram o prédio, após uma negociação mediada por um juiz. Muito ainda se irá falar e estudar este episódio. Mas algumas lições estão claras, desde já.
Cercada de símbolos, a ocupação da Assembléia Legislativa já é um movimento histórico. E só não ocupará um espaço maior porque seus líderes (ou comissões, como os ocupantes preferem) não foram capazes de controlar a ânsia destruidora e o vandalismo. Patrimônio público, do qual eles eram os fiéis depositários, foi depredado. Um péssimo exemplo.
Mas esse não foi o único erro do movimento. Embora insistissem que a ocupação não tinha líderes, o fato é que o havia sim pessoas que falavam pelo grupo. A segunda lição que fica é essa. Um movimento sem líderes não é necessariamente um movimento bom e democrático. Basta olhar para os episódios em que a imprensa foi barrada e até hostilizada pelos manifestantes. A liderança é necessária e faz parte do jogo democrático. O caos, apesar da visão romântica de alguns, não é necessariamente bom. Duvido que qualquer pariticipante do movimento ficaria tranquilo em voar em uma aeronave sem comandante, pilotada por uma comissão que se reunisse para “deliberar” cada movimento…
A terceira grande lição deixada por este episódio é de que é possível pressionar o Legislativo. Este recado se tornou mais forte quando o grupo trocou a sala da presidência pelo auditório e o antigo restaurante. Ao criar condições para manter o protesto sem impedir o funcionamento da Casa de Leis, o movimento deu um sinal de maturidade. Tudo isso, mais uma vez, foi maculado pela conduta destrutiva.
Por fim, o processo de negociação para desocupação da Casa, mediado por um magistrado, também tem grande valor simbólico. Ficou claro que o Poder Legislativo capixaba carece hoje de representantes com peso e credibilidade para sustentar o diálogo com movimentos sociais. Nenhum deputado foi capaz de conduzir a negociaçao dentro da Assembléia Legislativa, e isso é sintomático.
Nesta segunda-feira, a Assembléia deve começar a volta ao normal. O que se espera é que, sem ocupação, os parlamentares compareçam ao plenário para votar o Projeto de Decreto Legislativo 69/2013. Embora o peso político da medida já tenha sido amenizado pela decisão da Justiça que reduziu o pedágio na Terceira Ponte (mais uma vez a Justiça sendo chamada a fazer o trabalho do Legislativo), o fato é que a sociedade capixaba exige uma resposta. Agora nós queremos saber quem é a favor e quem é contra o fim do pedágio. Está na hora dos parlamentares revelarem suas posições. Sem manobras, sem desculpas. Ano que vem, tem eleição…
Muito boas essas notas sobre o feriadão promovido pelo PT e profissionais cabineiros públicos ou em sindicatos. Pelo menos nessas horas eles trabalham para atrapalhar quem de fato precisa e que trabalha efetivamente.
Rafael
Concordo com sua análise. Longe de desclassificar os movimentos sociais, mas os invasores da câmara agiram muito mal. Desde que soube e vi as imagens eu fiquei e continuo indignada. Quem se dispõe a levantar e defender uma causa tem que honrar os representados. Já vimos muitas cenas tristes nos últimos dias. Podíamos ter ido dormir sem essas. Mas crio que o governo está interessado em encontrar um canal de diálogo, tenho certeza que nós, capixabas, teremos nossas vitóriassim.