Embora a tão falada e defendida unidade política entre a Assembleia Legislativa e o Poder Executivo seja uma das principais razões para justificar a reorganização do Estado nos últimos anos, a relação entre o governador Renato Casagrande e os deputados estaduais é um tanto quanto curiosa, já que parece um relacionamento de tapas e beijos.
Durante a semana, até o deputado extremamente governista Élcio Alvares (DEM) elevou o tom das críticas e ameaçou votar contra os projetos do Palácio Anchieta caso o tratamento dispensado aos deputados não melhorasse.
A velha reclamação dos parlamentares é que não são atendidos por secretários e suas demandas raramente são acatadas quando chegam à mesa do governador. Por outro lado, quando estão diante de Casagrande as críticas dão lugar aos elogios e troca de afagos.
No entanto, o discurso da deputada Aparecida Denadai (PDT), de que há uma conspiração na Casa contra a pessoa do governador, acendeu o alerta vermelho nos corredores do Palácio Anchieta. O mais surpreendente é que, segundo a pedetista, a trama estaria sendo orquestrada nos cantos da Casa de leis.
O possível rompimento, pelo menos de parte dos deputados, pode causar um desgaste ainda maior para Casagrande, ainda mais porque ele vive momento de queda de popularidade por conta das manifestações. Com a oposição velada no Legislativo, seus planos de reeleição podem ficar mais complicados.