O meio político ficou agitado durante a semana que passou por causa do estudo realizado por economistas em que apontou a suposta fragilidade da economia do Espírito Santo. Após a divulgação, poucos se preocuparam mesmo com a situação fiscal do Palácio Anchieta. O que causou o maior burburinho foi mesmo a possibilidade do dossiê ter sido lançado justamente em ano eleitoral e por aliados do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) que batem ponto no escritório do senador Ricardo Ferraço (PMDB).
Entre os autores da publicação, estão os economistas Ana Paula Vescovi e Haroldo Corrêa, ex-diretora do Instituto Jones dos Santos Neves e ex-secretário de Educação, respectivamente. O mais curioso ainda é que Ferraço nega que esteja envolvido na confecção da pesquisa, que revelou, entre outros temas, que o Estado está gastando mais e arrecadando menos.
O peemedebista garante que ficou sabendo do teor somente após sua divulgação e fez questão de dizer que a preparação do dossiê não tem qualquer ligação com seu mandato, mesmo com os autores utilizando seu espaço.
A justificativa de Ferraço para renegar uma das paternidades do documento tem uma explicação. Conforme a Coluna divulgou no último domingo, ele vem ensaiando uma aproximação com o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), e, consequentemente do governador Renato Casagrande. Os três juntos podem iniciar a formação de um novo grupo político no Espírito Santo para fazer frente ao comandado por Hartung.
Nos bastidores, o que comenta-se é que o documento foi pensado e orquestrado pelo próprio Hartung. Com seu conhecido jeito de mexer as pedras do tabuleiro político, o ex-governador teria usado seus aliados para tentar enfraquecer o Governo. Os rumores são reforçados ainda pelo fato de Hartung dar sinais de que vai mesmo disputar o Governo do Estado nas próximas eleições.
Analisando por essa ótica, a posição do senador de que não sabia o teor do estudo ganha mais força, já que ao mexer suas peças Hartung consegue matar dois coelhos em uma paulada só: cria um desgaste ao governo e também à possível aproximação do senador com o governador Casagrande.
Vale lembrar, no entanto, que Ferraço já estaria insatisfeito com Hartung por ter sido tirado do jogo às vésperas de disputar o Governo do Estado na última eleição e também por ver a possibilidade do filme se repetir novamente no pleito deste ano.
A divulgação desse relatório fiscal parecendo que tinha dedo do senador nessa história pode azedar de vez sua relação com Hartung. E com isso, o grupo formado por Luciano, Casagrande e Ferraço pode ficar mais fortalecido.