Em ano eleitoral e com o Estado dividido politicamente entre várias candidaturas ao Governo pré-lançadas, fato que há muito tempo não se via, as várias greves e protestos acabaram virando alvo de disputa política. Principalmente as protagonizadas pelos professores. Os educadores deixaram as salas de aula na rede estadual e em alguns municípios da Grande Vitória. Eles cruzaram os braços e foram para as ruas protestar por melhores salários.
Curioso é que esse movimento acontece principalmente perto das eleições, onde pelo menos o Governo do Estado não pode conceder reajuste às vésperas da população ir às urnas. Será que os professores não sabem disso? A greve já foi considerada ilegal, mas os profissionais desafiam a Justiça, mantém a paralisação que já dura mais de 30 dias e deixam milhares de estudantes fora da escola.
Dia sim, dia não os professores que deveriam estar nas salas de aula estão na rua fazendo protestos e aumentando ainda mais o caos no trânsito. Atrapalha a vida da população que precisa ir ou chegar ao trabalho, à faculdade ou resolver problemas pessoais. O direito de protesto é legítimo, isso é inquestionável, mas precisa ser legitimado.
O Governo se defende, diz que mantém o diálogo com a categoria, mas diante da insistência de uma reivindicação não pode ser atendida por conta da Lei, a solução foi cortar o ponto dos grevistas.
Em Vitória, os professores da rede municipal também estão parados e lutam por melhorias no salário. Na Capital, coube ao líder do Governo na Câmara rebater as críticas do movimento.
O vereador Fabrício Gandini (PPS) lembrou que o piso mínimo na rede municipal é de R$ 2 mil para cinco horas diárias, mas os vencimentos, dependendo da especialização, podem ser superiores a R$ 10 mil, um salário razoável se considerarmos a média salarial da população em geral. O parlamentar pontuou os investimentos feitos na educação, os reajustes feitos para repor as perdas salariais, além de oferecer o vale-alimentação, benefício que a categoria nunca antes tinha conquistado.
Diante deste cenário, a impressão que se tem é que a greve do magistério, principalmente no Estado, parece ter um caráter político e com o objetivo de enfraquecer o Governo. A greve, talvez incentivada por ideologias partidárias, prejudica milhares de alunos e, ao enfrentar uma decisão da Justiça, os profissionais acabam passando a lição de que as leis não precisam ser respeitadas em prol de uma bandeira que julgam ser legítimas. Está na hora dos grevistas reverem seus conceitos, retornarem ao trabalho e cumprir a ordem judicial determinada na semana passada.