Não demorou muito, mas os primeiros sinais de que o PSB terá divergências internas com a candidatura de Marina Silva à presidência começaram a aparecer. Antes mesmo de assumir o lugar de Eduardo Campos na campanha, lideranças socialistas já temiam que o radicalismo de Marina e suas posições conservadoras em relação a temas polêmicos como aborto, mais cedo ou mais tarde entrariam em rota de colisão com demais membros do partido.
Logo após assumir a cabeça da chapa, Marina fez mudanças na equipe. O coordenador de campanha e primeiro-secretário da sigla, Carlos Siqueira, deixou a base por não concordar nas alterações feitas pela ex-senadora. Marina que vá cuidar da Rede dela, esbravejou antes de abandonar a função.
Nos bastidores, a informação que circula é de que a ex-senadora nunca foi favorável aos arranjos que o partido fez de olho nas eleições, inclusive, o de apoiar o PSDB em São Paulo, por exemplo. No entanto, os bombeiros socialistas logo tentaram apagar o princípio de incêndio.
O próprio governador Renato Casagrande, amigo de Marina, disse que ela irá assumir os compromissos firmados por Campos, mas reconhece que ela poderá optar por subir ou não em determinados palanques. Ela poderá não ir em um ou outro palanque, mas o partido estará presente”.
O líder da Rede no Espírito Santo, Gustavo de Biase, filiado ao PSB, segue o mesmo discurso. Ele atribui o princípio de crise ao fato dos ânimos ainda estarem abalados pela morte de Eduardo Campos, mas que os conflitos não vão atrapalhar a campanha da Marina nas ruas.
Embora os correligionários façam questão de minimizar a crise, o fato é que os militantes e a direção do PSB terão dois grandes desafios nos próximos meses. Primeiro a de tentar eleger Marina presidente do Brasil. Em segundo buscar contornar a fama que ela tem de ser intransigente com suas convicções. Qual deles será o mais difícil?