Não é de hoje que as mordomias de magistrados e autoridades políticas causam polêmicas entre o cidadão comum que é obrigado a trabalhar para pagar esses benefícios que beiram ao absurdo. A mais recente discussão foi motivada pelo pedido de auxílio-moradia dos membros do Ministério Público Estadual.
Promotores e procuradores de Justiça, embalados pela onda dos juízes e desembargadores, também resolveram pedir o valor de R$ 4,4 mil por mês para contribuir, vejam só, com o aluguel das suas casas. A maioria, com salários fora da realidade dos trabalhadores brasileiros, não consegue pagar a própria moradia?
Para se ter uma ideia, só no Espírito Santo o Judiciário capixaba vai desembolsar R$ 1,5 milhão para bancar a mordomia, que é legal, embora haja uma ampla discussão sobre a sua moralidade, principalmente em uma época em que há dificuldade financeira nas contas do Estado.
A polêmica divide até os próprios membros do Ministério Público e os poderes constituídos. Nem todos os que têm direito no órgão solicitaram o benefício e, os que fizeram, foram criticados pelos próprios colegas.
Até o governador Renato Casagrande quebrou o silêncio e criticou o pagamento extras na conta dos servidores. Mesmo diante da polêmica, o chefe do MPES, Eder Pontes, um dos que não abrem mão do auxílio, sai em defesa e garante que se é de direito, tem que ser cumprido.
A discussão, na verdade, esbarra em uma situação curiosa e foge da legalidade ou moralidade. Pontes, por exemplo, tem rendimentos superiores a R$ 25 mil por mês. Será que com esse salário não conseguiria viver em uma moradia paga com o próprio salário?
Se quem ganha salário mínimo de R$ 720, por exemplo, consegue essa proeza, porque os membros do MPES não conseguem, mesmo ganhando infinitamente mais que os trabalhadores comuns? Fica a pergunta no ar…
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