O presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Theodorico Ferraço (DEM), nunca digeriu o fato do filho, o senador Ricardo Ferraço (PMDB), ser retirado duas vezes da disputa pelo Palácio Anchieta por uma manobra feita pelo agora governador eleito Paulo Hartung (PMDB). No entanto, acabou apoiando sua candidatura contra o atual governador Renato Casagrande (PSB).
De temperamento explosivo, Ferraço nunca teve uma boa relação com Casagrande, chegou por várias vezes criticá-lo em público. Mas apoiar Hartung também não foi uma decisão das mais agradáveis. Mas em política tudo tem o preço e a cobrança na conta de Hartung já começou a chegar.
A primeira parcela será sua reeleição para presidência da Mesa Diretora da Assembleia. Embora faça questão de alardear que não é candidato, ele deve mesmo ficar no posto por mais um mandato. Até porque os deputados estaduais já protocolaram uma proposta que deve ser aprovada e que garante a reeleição para presidente. Se não fosse para favorecer Ferraço, porque não discutiram isso antes da eleição ou então no próximo ano? A movimentação, claro, de acordo com informações de bastidores, estaria sendo orquestrada pelo próprio Hartung.
A segunda parcela da dívida de Hartung com Ferraço deve ser quitada já no início do seu mandato. A expectativa é de que o governador eleito chame para compor sua equipe de secretários o deputado federal Lelo Coimbra. Com isso, ficaria aberta uma vaga em Brasília. Nesse caso, quem assume é a ex-prefeita de Itapemirim Norma Ayub (DEM), mulher de Ferraço e que chegou a ficar presa durante a Operação Derrama, que levou para a cadeia vários chefes de Executivos por suspeita de fraude em licitações públicas.
A terceira e última parcela do débito seria colocar o senador Ricardo Ferraço definitivamente na linha de sucessão em 2018. Hartung já declarou que não pretende disputar a reeleição. Com isso, o caminho poderia ficar livre para Ferraço. Mas como ele já foi rifado duas vezes da disputa anteriormente, essa parte da dívida não é possível saber se será paga ou não no prazo estipulado pelo presidente. Hartung pode usar aquela velha desculpa muito comum entre os inadimplentes. Devo, não nego. Pago quando puder.
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